O relatório trimestral do BIS apresenta um estudo feito por Dietrich Domanski, Jonathan Kearns, Marco Lombardi e Hyun Song Shin alertando que o endividamento do setor de petróleo e gás mais que duplicou em menos de dez anos. Segundo o estudo, a dívida total da indústria saltou de cerca de US$ 1 trilhão, em 2006, para US$ 2,5 trilhões, em 2014. O BIS funciona como um banco central dos bancos centrais.
A preocupação com a dívida crescente é potencializada pela forte queda do preço do barril da commodity. "A recente queda do preço do petróleo representa um declínio significativo do valor dos ativos que garantem essa dívida, o que introduz um novo elemento para a evolução dos preços", cita o estudo dos quatro pesquisadores.
O primeiro efeito desse quadro é um eventual círculo vicioso de queda do petróleo. O estudo cita que petroleiras endividadas com eventual dificuldade de caixa podem ir ao mercado para vender a produção futura, o que tende a acelerar a queda dos preços. O segundo efeito é mais amplo e se espalha pela economia. "O elevado endividamento do setor também dificulta a avaliação dos efeitos macroeconômicos da queda do petróleo por causa do impacto sobre as despesas de capital e dos orçamentos governamentais", diz o estudo, que destaca que parte relevante desse endividamento foi tomado por estatais emergentes.
Para os pesquisadores, o efeito do petróleo barato, dólar caro e condições de crédito mais apertadas tende a ser mais evidente nos emergentes. "O impacto fiscal do menor preço do petróleo será sentido de forma mais aguda nos países em que a emissão de dívida por empresas estatais facilitou a transferência de lucros para o governo", diz o estudo.
Estadão Conteúdo