Em relatório sobre as perspectivas da economia global no segundo trimestre, a equipe de economistas do HSBC desenhou cenário bastante pessimista para o Brasil. Entre os 46 países e regiões econômicas com previsões no relatório, apenas três países devem amargar recessão em 2015: Brasil, Argentina (-2%) e Rússia (-3 5%). Nenhuma economia desenvolvida deve registrar contração. Para 2016, o banco espera que o PIB brasileiro deve se recuperar com crescimento de 2,3%.
"As expectativas para a economia brasileira continuam a deteriorar-se. Dois fatores ajudam a explicar o fraco desempenho da economia: investimento excepcionalmente fraco e contenção do consumo", diz o estudo divulgado na manhã desta sexta-feira (20), na capital britânica. O trecho do documento dedicado ao Brasil é assinado pelo economista-chefe do HSBC em São Paulo, Constantin Jancsó.
Apesar do pessimismo com as implicações imediatas do escândalo na Petrobras, o HSBC tem uma visão relativamente otimista sobre o efeito de longo prazo do caso. "As investigações podem ser muito benéficas se conduzirem a uma melhora da governança corporativa e uma interação mais transparente entre o setor público e privado", diz o trecho assinado por Jancsó.
No lado do consumo, os prognósticos também não são bons. O banco fala em queda do consumo de 0,5% neste ano, o que seria o pior desempenho da componente do PIB desde 2003. "Esperamos que as famílias sejam afetadas negativamente pela fraqueza do mercado de trabalho. Projetamos que o desemprego deverá subir 2 pontos porcentuais na média em 2015 e haverá impacto das políticas austeras do governo. O aumento dos preços das eletricidade deve cortar a renda disponível entre 1% e 2%", diz o economista.
Além disso, o HSBC também nota que o consumo será afetado pelas condições mais restritas do mercado de crédito. Isso acontecerá pelo aumento do juro que continua em curso e também diante das condições mais rigorosas para concessão de crédito.
Estadão Conteúdo