Segundo ele, a entidade que controla o esporte mais popular do planeta estaria disposta a investigar o caso do Brasil, se a CBF pedir a intervenção do organismo por conta da Medida Provisória do governo brasileiro que flexibiliza o pagamento das dívidas dos clubes com a União.
"Constatamos cada vez mais intervenções de governos no esporte", alertou o cartola ao final da reunião de sua cúpula nesta sexta em Zurique. "Temos casos na África, Europa e na América do Sul", declarou.
Blatter não citou países individualmente. Na quinta-feira (19), o governo de Dilma Rousseff assinou a Medida Provisória 671, que institui o Programa de Modernização da Gestão e de Responsabilidade Fiscal do Futebol Brasileiro e dispõe sobre a gestão temerária no âmbito das entidades desportivas profissionais.
A MP permite o refinanciamento da dívida dos clubes com a União em até 240 meses. Mas, em contrapartida, os clubes terão de cumprir regras de governança e de responsabilidade fiscal e trabalhista. A exigência é de que mandatos de dirigentes sejam limitados a apenas uma reeleição. A CBF já deixou claro que é contra isso.
"Se a CBF nos pedir ajuda e dizer que existe uma interferência, vamos agir", alertou Blatter. Segundo ele, o "sistema legal" da FIFA pode ser usado se a CBF solicitar. "Ai poderemos tomar uma decisão", avisou.
Mas, de uma forma geral, Blatter deixou claro que não vai aturar intervenções. "Hoje, tivemos uma resolução para dizer 'pare a interferência política no nosso esporte'", disse o cartola, lembrando que existem resoluções da FIFA, do COI e até da ONU que insistem que os esportes são "autônomos".
Estadão Conteúdo