A agressão da OTAN começou há 16 anos, em 24 de março. Por volta das 20h locais, as forças armadas de 19 países-membros da Aliança atacaram os sistemas de defesa antiaérea da Iugoslávia. A ofensiva não foi sancionada pelas Nações Unidas.
Mais de 50 mil mísseis atingiram o território iugoslavo nos 78 dias da operação Força Aliada (Allied Force), matando cerca de 2.500 pessoas, inclusive 79 crianças e ferindo mais de 12 mil. A infraestrutura do país sofreu sérios danos.
A operação foi iniciada pela OTAN alegadamente em resposta aos crimes de guerra e de lesa-humanidade que os serviços secretos da Iugoslávia teriam praticado contra a população albana e kosovar.
Da utilidade de armamentos velhos
Zoltan Dani, comandante da terceira divisão da 250ª brigada de mísseis da Defesa Antiaérea das Forças Armadas da Iugoslávia, possuía bastante conhecimento para se opor à arma mais inovadora do exército norte-americano.
O avião F-117, famoso "stealth", isto é, "avião invisível", foi derrubado por dois mísseis disparados pela sua brigada na tarde do dia 27 de março. Os dois mísseis atingiram a aeronave na altura de 8 km, destruindo o avião. O piloto conseguiu se salvar.
Trata-se de dois mísseis soviéticos da classe S-125 Neva, do sistema considerado naquela altura já "velho". Os radares também foram "velhos". Demasiado "velhos" para merecerem a atenção do adversário, não obstante foram eles que conseguiram identificar o F-117, capaz de se esquivar dos radares novos mas sem chances de enganar os radares velhos de ondas largas.
Segundo o próprio Dani, ele adotou uma metodologia muito sofisticada na sua brigada. Evitando ser detectado pela inteligência da OTAN, que usava aparelhos eletrônicos, o comandante optou por comunicação de cabo e até mensageiros. Desta maneira, era muito mais difícil detectar não só a localização da base, senão a existência da tal.
Outro método usado por Dani foi a ativação discreta de radares. A divisão ligava os radares discretamente, por períodos reduzidos, para não se expor demasiadamente aos detectores nos aviões da OTAN.
"Desculpem, nós não sabíamos que era invisível", brincavam depois os oficiais da divisão.
O encontro
Em 2011, o cineasta sérvio Zelko Mirkovic organizou o encontro "pacífico" de Zoltan Dani com o piloto americano sobrevivente, Dale Zelko.
"Se nós queremos permanecer humanos, se somos cristãos, é preciso saber perdoar. Perdoar não é esquecer. Então, eu consenti. Eu acho que eu e Dale damos um sinal a todos: a paz é melhor do que qualquer guerra, é preciso buscar um compromisso, a família é o mais importante na vida", confessa Dani.