"O acordo de Lausanne não introduziu sérias mudanças nas relações entre o Irã e os EUA. Os políticos do mundo inteiro sabem: em certos casos, até os inimigos políticos mais jurados podem se tornar amigos — e pelo contrário. Os governos do Irã e dos Estados Unidos continuam com desgosto mútuo. O discurso de Barack Obama de ontem teve notas negativas contra o Irã. Há uns dias, o aiatolá Khamenei voltou a usar a frase conhecida "Morte à América!". De modo que não há mudança nas relações internacionais".
"Os norte-americanos podem assinar acordos internacionais <…> mas o seu ódio aos inimigos externos nem por isso desaparecerá. Foi assim com a Rússia depois da caída da URSS, e assim será, estou certo, com o Irã após a assinatura de um acordo abrangentíssimo sobre a questão nuclear", afirma o especialista.
O cientista político Reza Hojjat Shamami, do Centro Científico Iraniano de Pesquisa da Eurásia, concorda que o Irã e os EUA não se consideram amigos:
"Washington está interessado na aproximação com o Irã, no desenvolvimento de relações com ele não só no quadro do diálogo sobre o programa nuclear. Mas existe toda uma capa de contradições históricas que não permite os países se considerarem amigos. Por isso ontem Obama só chamou de "histórico" o acordo político do ‘sexteto' com o Irã, mas não algo mais".
A conduta dos Estados Unidos é que não é de amigo, afirma Shamami:
"Muitos desejariam ouvir do presidente estadunidense que Washington e Teerã agora são amigos, mas… Amigos não trocam ameaças, e no entanto, os sistemas de defesa antiaérea na Europa Oriental continuam apontando para o Irã e para a Rússia. Isto significa que os EUA têm os mesmos adversários geopolíticos que até a tarde de 2 de abril".