O Departamento de Estado publicou no seu site um documento chamado "Parâmetros para um Plano Compreensivo de Ação Conjunta sobre o Programa Nuclear da República Islâmica do Irã". Já a União Europeia divulgou uma declaração conjunta sobre o mesmo assunto. O Irã publicou a versão em farsi dos resultados da rodada das negociações.
Limitação por limitação
Porém, este resultado preliminar não definiu um "dono da situação". Sendo um acordo-quadro, e não um acordo final (que deverá estar pronto em 30 de junho), é uma base para a discussão posterior e definitiva.
Os pontos principais da declaração conjunta (versão da UE) são os seguintes: limitação dos centros de enriquecimento de urânio a um só — em Natanz, — proibição de reprocessamento, obrigação de exportar o combustível radiativo utilizado, estabelecimento em Fordow de um centro de pesquisa científica e tecnológica (em vez de centro de enriquecimento), modificação do reator em Arak para convertê-lo em Reator de Pesquisa da Água Pesada. Este último será um projeto controlado conjuntamente ao nível internacional.
O benefício que o Irã obterá é, conforme o texto, o levantamento de uma parte considerável das sanções existentes impostas pela UE e pelos EUA.
Já a versão estadunidense apresenta uma ampliação destes pontos, por exemplo, a proibição de 15 anos de enriquecer urânio a mais de 3,67%. Durante este período, o país não deverá armazenar mais de 300 kg deste urânio levemente enriquecido. 15 anos é também o prazo (mínimo) de vigência da proibição de ter material de fissura em Fordow.
Ambos os documentos preveem a saída do país do combustível nuclear utilizado e dos restos de água pesada. O documento estadunidense diz assim:
"O Irã não acumulará água pesada em quantidades que excedam as necessidades do reator modificado em Arak e venderá todos os restos de água pesada no mercado internacional por 15 anos".
Acordos distintos
Em uma entrevista ao canal iraniano IRINN, citada pela Sputnik International, o chanceler iraniano comentou assim os "parâmetros" dos EUA: "Os norte-americanos colocaram neste documento o que eles quiseram. Eu até afirmei isso ao secretário de Estado dos Estados Unidos, John Kerry".
Por exemplo, o documento norte-americano nada diz a respeito da cooperação. O texto da UE frisa o seguinte:
"O Irã participará da cooperação internacional na área da energia nuclear civil que pode incluir o fornecimento da energia e reatores de pesquisa. Outra área importante de cooperação é a esfera da segurança nuclear".
Os "parâmetros" do Departamento de Estado nem sequer falam de nenhuma espécie de cooperação, preferindo instaurar proibições e limitações. Isso motivou Javad Zarif a dizer que não é um documento oficial, senão uma espécie de marketing.
Contudo, a situação é bastante instável, tendo em conta o conflito no Iêmen, com a participação da Arábia Saudita, com suspeitas de apoio estadunidense. O Irã provavelmente não irá querer se envolver em uma confrontação ao nível internacional, mas o equilíbrio atual pode ser enfraquecido se a tensão regional aumentar.
O acordo final está previsto para 30 de junho. Mas está claro que esta não será a data final. Se as estimativas de controle são agora de 10 anos como mínimo, pelo menos durante 10 anos iremos acompanhar a implementação do acordo e o surgimento de um novo Estado no "clube nuclear".