Sobre esta Cúpula, a agência Sputnik Brasil ouviu o Sociólogo Marco Antonio Gandásegui, Hijo, Professor da Universidade do Panamá, pesquisador do Centro de Estudos Latino-Americanos Justo Aresemena, e diretor/editor da Revista Tareas.
Rádio Sputnik Brasil – Professor Marco Gandásegui, a Sétima Cúpula das Américas, a ter lugar na Cidade do Panamá, em 10 e 11 de abril será realizada no momento em que os Estados Unidos, ao mesmo tempo em que tentam a reaproximação com Cuba, encontram-se sob a suspeita de estar por trás dos movimentos de desestabilização de governos de países latino-americanos, como Venezuela e Brasil. O que se pode esperar da Cúpula do Panamá, se a última cimeira (Cartagena, Colômbia, 2012) foi considerada um fracasso?
RSB — O que esperar do encontro preliminar entre os Presidentes dos Estados Unidos e de Cuba, Barack Obama e Raul Castro?
MAG — Se Obama anunciar que os Estados Unidos levantarão o bloqueio contra Cuba, que vão abandonar a base de Guantanamo e por fim à sua política “terrorista” contra a Ilha, então serão dados passos muito positivos entre os dois países, passos estes que beneficiarão o mundo inteiro.
RSB — Há perspectivas de que Bolívia e Chile, durante a Cúpula, venham a se entender a respeito do pleito boliviano de recuperar o território que dá acesso ao oceano Pacífico? A Bolívia quer recuperar os 400 quilômetros de litoral e 120 mil km² de território que possuía antes da Guerra do Pacífico (1879-1883) e que inclui os portos de Arica e Antofagasta.
MAG — A OEA (Organização dos Estados Americanos) não incluiu na agenda da Sétima Cúpula das Américas as divergências entre Bolívia e Chile. Nesta Reunião, o Chile não permitirá espaço para que este tema seja debatido.
RSB — Com quais temas os líderes das Américas devem se preocupar durante a Sétima Cúpula das Américas?
MAG — Nesta Cúpula da OEA (Organização dos Estados Americanos), é preciso buscar um canal que permita iniciar um debate entre a região e os Estados Unidos. Sobretudo, devido à mudança de correlação de forças em escala mundial. Os Estados Unidos não são mais a mesma potência do Século 20. Mas é preciso frisar que, ao mesmo tempo, a América Latina não demonstra possuir uma força unida.
MAG — Os Estados Unidos não descansarão enquanto não afastarem a revolução bolivariana do poder na Venezuela. Os Estados Unidos se deram conta de que a sua última ofensiva contra a Venezuela foi inoportuna e está recuando. Mas os Estados Unidos buscarão novos patamares para reiniciar a sua ofensiva contra a Venezuela.
RSB — Em termos geopolíticos, qual a importância hoje do Panamá para os demais países das Américas?
MAG — Na conjuntura atual, o Panamá tem um governo que apóia, incondicionalmente, a política de Washington. O Panamá é o único país da América Latina cujo governo entende que a guerra contra o Estado Islâmico é uma cruzada religiosa.
RSB — Existem perspectivas para a criação de um mercado comum a todos os países das Américas ou deverão subsistir as organizações regionais?
MAG – Enquanto os Estados Unidos intervierem nos assuntos regionais, será muito difícil criar este mercado comum. Há muitas décadas, surgiu o Mercosul (Mercado Comum Sul-Americano). Depois, surgiu a ALBA (Aliança Bolivariana Para as Américas). Mais recentemente, surgiu a CELAC (Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos). Todas estas iniciativas enfrentaram a oposição dos Estados Unidos. É difícil avançar em tais condições.