Apesar das nítidas vantagens do Banco Asiático de Investimentos em Infraestrutura (AIIB, na sigla em inglês), as autoridades dos Estados Unidos continuam se opondo ao projeto, discretamente colocando pressão sobre a liderança de outros países, incentivando-os a não aderir à iniciativa chinesa. A opinião é do célebre pesquisador americano e Prêmio Nobel de Economia, Joseph Stiglitz, em seu artigo na revista Project Syndicate. Stiglitz acredita que esta é uma evidência da incerteza na confiança dos Estados Unidos e do medo de perder o seu controle exclusivo sobre as decisões financeiras do mundo.
Apesar dos apelos da Casa Branca, o anúncio da lista de fundadores do AIIB, em 15 de abril, impressionou pelo número de membros, incluindo 57 países. É claro que os principais países europeus, além dos hesitantes Austrália e Coreia do Sul, apoiaram a iniciativa da China, na expectativa de extrair benefícios privados. Esta é outra prova de que na política não há amigos permanentes, só interesses permanentes.
Dos principais países, apenas o Japão ainda adota uma atitude negativa em relação ao projeto. No entanto, para o chefe do Centro de Estudos Japoneses do Instituto do Extremo Oriente Academia de Ciências da Rússia, Valery Kistanov, mesmo esse aliado fiel dos EUA pode mudar a sua posição.
“Não está descartada a ideia de que o Japão se tornará membro, mesmo sento um aliado próximo dos Estados Unidos, com que eles colaboram nas principais organizações financeiras internacionais. Recentemente o primeiro-ministro Abe sugeriu que o Japão poderia se juntar à AIIB, se observasse que as práticas de gerenciamento do banco estão de acordo com os padrões internacionais. A mídia japonesa até chegou a anunciar uma data, publicando que a adesão do país à iniciativa chinesa poderia ocorrer já em junho”, afirmou o especialista.
Valery Kistanov observou que Washington está tentando abafar o Banco Asiático de investimentos em Infraestrutura, pois entende que a China está criando não somente um instituto financeiro que concorre com o FMI e o Banco Mundial. Ao contrário das instituições pró-americanas, que trabalham sob o esquema "dinheiro em troca de obediência", o AIIB recusa a interferência na política financeira dos países que vão receber ajuda financeira. O especialista afirma que este é um ataque direto à liderança global dos EUA, o que Washington, por sua vez, é claro, tenta impedir.
O Professor Stiglitz lembra que no fim dos anos de 1990, quando o Japão ofereceu 80 bilhões de dólares para ajudar os países em crise no Leste da Ásia, os Estados Unidos também se opuseram à iniciativa. A oposição ao AIIB por parte dos EUA indica a incerteza de Washington sobre sua influência global, conclui o especialista.