Milhares de pessoas protestam em Berlim contra acordo comercial com EUA

© AFP 2023 / JOHN MACDOUGALLMilhares de pessoas protestam em Berlim contra acordo comercial com EUA
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Mais de 4 mil pessoas participam no sábado no protesto contra a assinatura do acordo sobre comércio livre entre a UE, os EUA, o Canadá e alguns outros países. Os manifestantes formaram uma corrente humana através do centro de Berlim.

A ação ocorreu nas ruas onde ficam as embaixadas dos Estados Unidos e do Canadá, relata o correspondente da agência russa RIA Novosti. 

Os manifestantes empunham cartazes com inscrições "Fora OTAN econômica", "Parem TTIP-CETA", "Contra TTIP — pela democracia e direitos civis". Eles transmitem o pedido à Delegação da UE na Alemanha de mão em mão, onde colocam suas assinaturas. O comunicado indica que é necessário encontrar uma alternativa ao acordo TTIP e CETA. 

Os protestos se realizam em 200 cidades e comunidades da Alemanha. Os alemães não estão satisfeitos com o fato de muitas normas nas áreas social, jurídica e ambiental, que estão sendo incluídas no documento para facilitar o acesso de empresas e produtos norte-americanos aos  mercados europeus, passarem a ser menos rigorosas e exigentes,  especialmente na área dos produtos alimentares.

Desde julho de 2013, estão sendo feitas conversações fechadas com outros países sobre o acordo de parceria transatlântica no comércio e investimento TTIP (Transatlantic Trade e Investment Partnership). O projeto está totalmente desenvolvido, mas ainda não está assinado. Após 2015, o documento deve ser aprovado pelo Parlamento Europeu e os parlamentos nacionais dos países-participantes.

Trata-se da maior zona do comércio livre do mundo, com um mercado de consumo de cerca de 820 milhões de pessoas. Além dos Estados Unidos e da União Europeia, o projeto incluirá o Canadá, México, Suíça, Liechtenstein, Noruega, Islândia e vários países candidatos à adesão à UE. 

O acordo sobre zona de comércio livre CETA (Comprehensive Economic and Trade Agreement) entre a UE e o Canadá deve ser o ponto de partida para a aprovação do TTIP.

São vários os setores para os quais o acordo terá consequências negativas.

Vários especialistas notam, que na proteção ambiental, poderá diminuir os padrões europeus, permitir a exploração de gás de xisto (fracking), a venda de produtos com químicos não testados e a desregulação dos níveis de emissões no setor da aviação.

No que toca à segurança alimentar (uma das áreas mais contestadas) dará luz verde à autorização de produtos e organismos geneticamente modificados, à utilização de hormonas de crescimento na carne e à desinfeção da carne produzida com banhos de cloro.

Especialmente na produção agrícola, o acordo terá consequências dramáticas visto que há dois concorrentes muito desiguais que se vão enfrentar: o grande negócio agrícola dos EUA e os pequenos produtores da União Europeia. 

No tocante ao emprego, não se sabe se as promessas de criação de milhares de novos postos de trabalho se irão concretizar. Suspeita-se, pelo contrário, que o acordo conduzirá a um maior desemprego nos setores mais débeis, bem como à diminuição dos direitos laborais e salários.

No setor da saúde, o acordo poderá levar ao aumento da duração das patentes dos medicamentos, impossibilitando a venda de medicamentos genéricos a preços mais acessíveis. Os serviços de emergência poderão ser privatizados.

Na área da liberdade e privacidade, poderemos ter uma tentativa de ressuscitar a ACTA (Acordo Comercial Anticontrafação) e pressão sobre os fornecedores de internet para se tornarem numa força “policial”.

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