"Eu prefiro ficar na prisão durante três anos onde eu sou alimentado e protegido. O novo governo está no poder já há um ano, mas nós ainda precisamos de trabalhar dois dias para comprar um pão. Eu não quero lutar por essas autoridades", relata o jornal, citando um trabalhador de fábrica de aço na cidade de Slavyansk, Andrei, que foi mobilizado em março.
"Nós lutamos pela independência e pelo direito de viver e trabalhar em nossa região. Quando chegou o exército, ele nos bombardeou durante dois meses. E agora eu tenho que ir e lutar por eles? Acho que não", disse Andrei.
Este tipo de artigos da mídia norte-americana não é o primeiro, embora seja raro. As autoridades de Kiev tentam suprimir o aparecimento na mídia e redes sociais de mensagens que "minem o ânimo" dos soldados.
Vale lembrar que, em 29 de janeiro, as autoridades de Kiev relataram sobre a conclusão bem sucedida de mais uma fase de mobilização. No entanto, a mídia informou que o recrutamento no país, anunciado no início de 2015, falhou devido a várias razões, em particular, os ucranianos começaram perceber "o custo real e horrível da guerra".
Na sua opinião, o conflito a partir de abril de 2014 se transformou em um "triturador sangrento de vidas humanas", que matou, de acordo com várias estimativas, de 5 a 50 mil militares e civis. Confrontados com estas circunstâncias, os cidadãos buscam diferentes maneiras de evitar cumprir o serviço militar.
Como anteriormente relatou a presidente da Comissão para Questões da Saúde da Suprema Rada (Parlamento ucraniano), Olga Bogomolets, a maioria dos recrutas ucranianos durante a quarta fase da mobilização foi declarada inapta para o serviço militar, informa agência ucraniana Unian.
Segundo ela, as doenças mais frequentes, que levam à isenção do serviço militar, foram as perturbações mentais — 32%. Ela acrescentou que tal percentagem de homens com doenças mentais no período de mobilização é uma preocupação séria que requer verificação e controle.
Além disso, muitos ucranianos preferem obter o estatuto de refugiado na Rússia. De acordo com a pesquisa da empresa ucraniana Research & Branding Group, realizada em março, a população da Ucrânia está diminuindo rapidamente, e mais de 30% dos entrevistados expressaram vontade de sair do país. Segundo as autoridades russas, no território da Federação da Rússia "com o propósito de fugir do recrutamento" vivem atualmente quase 1,3 milhões de cidadãos ucranianos.
Apesar de tudo, no princípio deste ano, o Estado-Maior da Ucrânia reconheceu os problemas durante a quarta fase de mobilização. Por exemplo, em 2 de fevereiro foi revelado que mais de um terço dos recrutas de Odessa se recusou a servir nas Forças Armadas ucranianas. Os moradores das aldeias de Dmitrovka e Kulevcha se rebelaram contra a mobilização. Além disso, as mulheres da cidade de Kramatorsk fizeram uma manifestação em frente ao posto de recrutamento, se recusando a deixar seus filhos combater contra as milícias, e se declararam "quase russas".
"Agora nós não obedecemos a ninguém. Tomamos esta decisão devido ao fato de que nós fomos rudemente desarmados, e todos os acordos que tínhamos com as Forças Armadas da Ucrânia foram violados", disse no domingo ao canal de TV "112 Ucraina" o comandante do batalhão, Nikolai Kohanivsky.