A bancada do PSDB na Câmara quer apresentar um pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff ainda nesta semana. As acusações são por crime de responsabilidade fiscal e por suposta omissão da presidente no esquema de corrupção da Petrobras.
O líder do PSDB na câmara, Carlos Sampaio, afirmou que “o impeachment é cabível e não temos que aguardar mais nenhum parecer”. Ele disse que tentará convencer o presidente nacional do PSDB, o senador Aécio Neves, de encaminhar o pedido de impeachment. “O que vou dizer ao (senador) Aécio é que na visão da bancada não tem mais o que aguardar. A Câmara é quem decide sobre a abertura do impeachment, então o protagonismo tem que ser da bancada da Câmara”, afirmou Sampaio, acrescentando que “já há elementos suficientes para conseguir o impedimento da presidente”.
O historiador norte-americano, William Engdahl, ao falar com a agência Sputnik, avaliou a tentativa de derrubar Dilma Rousseff do ponto de vista da influência externa dos EUA, argumentando que existem interesses norte-americanos no enfraquecimento do Brasil no contexto dos BRICS.
“Quando os BRICS começaram a pretender ao papel do jogador global independente, Washington tentou jogar a antiga carta – organizar uma ‘boa velha revolução colorida’ contra a presidente do Brasil Dilma Rousseff. Mas este método já não funciona como antes”, frisa o especialista.
Já o diplomata Jório Dauster, ex-embaixador do Brasil junto à União Europeia e experiente observador da política e da economia brasileiras, em entrevista exclusiva à Sputnik, disse que o impeachment é um recurso extremo, e que entende que “no momento, não há nenhuma acusação concreta que possa conduzir ao impedimento da Presidenta Dilma Rousseff”.
O Embaixador Dauster afirma ainda que, nesse sentido, pensa que “a posição do ex-Presidente Fernando Henrique Cardoso e até do candidato derrotado por Dilma [na eleição para o primeiro mandato], o Senador José Serra, é a mais correta no momento”, referindo-se ao conselho de se ter cautela no assunto.
Vale notar que o ex-candidato à presidência do Brasil, Aécio Neves, é conhecido por suas declarações alinhadas aos Estados Unidos, propondo durante a campanha presidencial do ano passado uma área de livre comércio com os EUA em detrimento de blocos como o Mercosul.
Em seu programa de governo, o ex-candidato tucano pregava mais atenção do governo brasileiro aos Estados Unidos e outros países desenvolvidos, “pelo acesso à inovação e tecnologia”. No texto, Aécio propunha o “reexame das políticas seguidas [durante os últimos anos de administração petista no plano federal] no tocante à integração regional para, com a liderança do Brasil, reestabelecer a primazia da liberalização comercial”. O programa classificava o Mercosul como um grupo “paralisado e sem estratégia”, e afirma que é preciso “recuperar seus objetivos iniciais e flexibilizar suas regras a fim de poder avançar nas negociações com terceiros países”.