De acordo com o balanço divulgado nesta terça-feira (28) pelo Ministério da Saúde, em 2015 foram confirmados 132 óbitos causados pela doença nas 12 primeiras semanas do ano, um aumento de 29% em relação ao mesmo período de 2014, quando foram registradas 102 mortes. Entretanto, a comparação com os 278 óbitos registrados no mesmo período de 2013 mostra uma redução de 52,51%. Neste ano, foram registrados 235 casos graves, o que representa um aumento de 39,1% na comparação de 2014, quando foram registrados 169 casos graves.
A Região Centro-Oeste do Brasil é a que apresenta maior incidência de dengue, com 393,3 por 100 mil habitantes (59.855 casos), nos primeiros três meses do ano. Em seguida vem a Região Sudeste, com 357,5 por 100 mil habitantes (304.251 casos); a Norte, com 112,4 por 100 mil habitantes (19.402 casos), e a Nordeste, com 91,2 por 100 mil habitantes (51.521 casos). A Região Sul, com 88,8 por 100 mil habitantes (25.773 casos), é tradicionalmente a que tem menor incidência da dengue.
Dos 222 mil casos paulistas, quase 213 mil são autóctones. Ou seja, as pessoas pegaram a dengue no próprio Estado. E é esse número de autóctones que é recorde absoluto, desde que o Centro de Vigilância Epidemiológica passou a fazer esse levantamento.
Segundo o Ministério da Saúde, o Estado de São Paulo realmente enfrenta uma epidemia de dengue, pois são mais de 500 casos por 100 mil habitantes.
O Exército foi acionado para ajudar no combate a doença, acompanhando os agentes em localidades mais violentas de São Paulo, onde os moradores têm medo de abrir as casas para que os agentes possam localizar e exterminar possíveis focos do mosquito.
A crise hídrica no Estado também pode ter agravado a situação, pois a população começou a estocar água em casa, em baldes, tanques, latões e caixas de água sem tampa. E qualquer poça de água, por menor que seja, é suficiente para o mosquito se reproduzir.
Segundo as autoridades de saúde de São Paulo, o número de casos de dengue ainda pode aumentar até este início de maio, pois, quanto mais quente, maior a velocidade de reprodução do mosquito Aedes Aegypti. Os especialistas do Governo afirmam que, como São Paulo teve um primeiro trimestre mais quente que o mesmo período em 2014, já era esperado que, no fim de abril, houvesse uma maior quantidade de mosquitos atacando a população.
O Ministério da Saúde reforçou, em abril, a veiculação da campanha de combate à dengue e ao chikungunya nos municípios com maior incidência no país. Veiculada desde novembro, a campanha tem como slogan “O perigo aumentou. E a responsabilidade de todos também”. Nela são divulgadas orientações à população sobre como evitar a proliferação dos mosquitos causadores das doenças e alertar sobre a gravidade das enfermidades.
Quanto aos recursos para o combate à dengue, o Governo Federal informa que o Ministério da Saúde já executou R$ 8,1 milhões dos R$ 13,7 milhões previstos para este ano no orçamento de combate à doença, segundo a Coordenação Geral do Programa Nacional de Controle da Dengue.
O valor corresponde a 60% do total previsto no orçamento. Estados e municípios receberão ainda R$ 1,25 bilhão para ações de vigilância em saúde dentro do Piso Fixo de Vigilância em Saúde.
O investimento representa um crescimento de 37% em comparação a 2014, quando foram executados R$ 5,9 milhões. Os recursos são usados principalmente no financiamento de estudos e pesquisas sobre a doença. Cabe à Coordenação o financiamento de ações estratégicas para a consolidação das políticas públicas de controle e combate à dengue.
O financiamento das ações de combate à dengue por meio do Piso Fixo de Vigilância em Saúde aumentou 31,89% nos últimos quatro anos, passando de R$ 947,7 milhões, em 2012, para 1,25 bilhão, em 2015.
A estimativa é de que os gestores utilizem entre 60% e 70% do piso para iniciativas de prevenção e controle da dengue. O repasse da verba é realizado mensalmente pelo Ministério da Saúde, a Estados e municípios, e tem como base de cálculo o tamanho da população local.
Dentre as medidas de prevenção à dengue está o Levantamento Rápido do Índice de Infestação de Aedes Aegypti, realizado todos os anos pelo Ministério da Saúde, em parceria com Estados e municípios. A ferramenta traça um panorama da situação da dengue em todo o país, partindo das informações de cada município. No último levantamento, divulgado em março, 340 municípios brasileiros estavam em situação de risco para a ocorrência de epidemias, 877 estavam em alerta e 627 cidades apresentavam índice satisfatório. No total, 1.844 municípios brasileiros realizaram o levantamento.
Com essas informações qualificadas, o gestor local pode direcionar com mais precisão as medidas de prevenção, combate e controle da doença, uma vez que o levantamento indica os locais do município com mais criadouros do mosquito, e quais os tipos de recipientes estão servindo à reprodução do Aedes Aegypti.