Alemanha está agitada por alegações de espionagem

© REUTERS / Michael Dalder A chanceler da Alemanha, Angela Merkel
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A Alemanha está no centro de mais um escândalo de espionagem. Desta vez, o motivo é a informação recentemente divulgada de que a chanceler, Angela Merkel, e o seu governo sabiam sobre o envolvimento da sua inteligência na espionagem dos EUA.

As últimas revelações implicam de que o Serviço Federal de Inteligência da Alemanha (BND, na sigla alemã) espionou altos funcionários da França e da Comissão Europeia por parte da agência de espionagem norte-americana NSA. Os dados tornados públicos causaram grande desentendimento entre cidadãos da Alemanha e o governo.

Segundo relata o jornal Süddeutsche Zeitung, BND ajudou à NSA realizar uma vigilância de inteligência aos altos funcionários do Ministério das Relações Exteriores e o governo da França, bem como aos da Comissão Europeia.

A revelação também implica que o governo alemão mentiu ao parlamento (Bundestag) quando negou algum envolvimento na vigilância a políticos europeus e empresas comerciais.

Na declaração oficial do Bundestag de 14 de abril o Ministério do Interior disse: "Temos nada a fazer com a alegada espionagem econômica da NSA ou de outras agências de outros Estados".

O assunto dos últimos dias retorna ao similar de dois anos atrás quando alemães descobriram que a NSA espionou o celular de Angela Merkel. O escândalo foi baseado no fato de que a administração do presidente Barack Obama realizou vigilância não só a um líder mundial, mas ao seu aliado.

Mais tarde os fones, inclusive ex-funcionário da CIA Edward Snowden, revelaram que a embaixada dos EUA em Berlim, localizada perto do Reichstag (prédio do parlamento alemão, Bundestag), foi usada como a base para a unidade especial da CIA e a NSA monitorar a comunicações importantes do governo alemão.

Na altura, em outubro de 2013, Merkel telefonou Obama para confirmar que o seu telefone foi escutado. Em resposta, o líder norte-americano prometeu que os EUA não monitoraram e não monitorarão as suas comunicações, mas as fontes diplomáticas alemãs declararam que não estavam satisfeitas com a explicação da Casa Branca.

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Desde então a opinião pública alemã está se mostrando a favor da proteção da privacidade e estava certa de que o seu governo faça tudo para prevenir as tentativas da NSA de espionar no território da Alemanha e da toda a Europa.

Em meio do choque público sobre espionagem da NSA, Merkel anunciou os planos para criar uma rede de comunicações europeia que realizaria contraespionagem contra a vigilância em massa da NSA. Assim, a situação tornou embaraçosa quando a verdade emergiu. Mesmo Merkel foi forçada a ignorar as ações da NSA.

Este semana, a revista alemã Bild escreveu que viu dois documentos da BND à chancelaria datadas dos anos 2008 e 2010, que informa das atividades da NSA. Os documentos revelam uma fonte não mencionada do comitê parlamentar alemão que trata dos assuntos da NSA, que disse que Berlim optou por permanecer em silêncio e fechar os olhos para a informação, a fim de não "pôr em perigo a cooperação" com Washington e a NSA.

Face à opinião pública, Merkel tem que explicar muito.

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