Os hacktivistas declaram ter conhecido e copiado os documentos há algum tempo, mas só nesta quarta (29) obtiveram acesso ao documento decisivo, um decreto do chefe do Departamento da Defesa da Soberania Nacional do Serviço de Segurança da Ucrânia (SBU, na sigla em ucraniano), Anatoly Dublik.
A parte mais interessante do documento está a seguir:
"…Para responsabilidade especial dos gerentes dos órgãos regionais do SBU: tomar sob controle a atividade do grupo mencionado e, caso for possível, utilizá-lo para a realização de ações profiláticas em relação a pessoas públicas e políticas que defendem a resolução pacífica da situação em Donbass".
De modo que o Serviço de Segurança da Ucrânia sabia que um grupo de criminosos estava viajando pelo país, mas em vez de detê-los, decidiu usá-los para defender os seus interesses políticos.
Os documentos que o CyberBerkut tinha publicado antes incluem parte da correspondência entre o chefe interino da região de Carcóvia, Vyacheslav Abbakumov, e um dos integrantes do grupo dos "nacionalistas ucranianos" não identificado. A mensagem dele diz:
"Vocês são doidos, o que estão fazendo? Vocês consideram isso uma medida de intimidação? Vocês se dão conta quanto latido isso vai dar no Moskal TV [nome genérico de televisão russa]? P***, eu compreendo que esse careca [Oles Buzina, segundo alegação do CyberBerkut] tem andado pedindo um tijolo na cabeça, mas SÓ UM TIJOLO! <…> Vocês obtiveram permissão para silenciar esta canalha, mas não para sempre!!! <…> E no que toca ao destino futuro desta sua brigada de malandro: Dublon [alegadamente o apelido do chefe do departamento do SBU Anatoly Dublik] me ligou pessoalmente três vezes. Agora, vocês voltam para Carcóvia IMEDIATAMENTE e voltam à base…"
Já na resposta, o membro do grupo criminoso ameaçou o político, dizendo: "Nunca mais ouse humilhar a mim ou a qualquer dos meus rapazes!". Explica assim os seus objetivos:
"Nós pegamos em armas para limpar a nossa terra natal do lixo e dos traidores da ideia nacional, e não para que você fique triste por mais um traidor enviado para o lugar de onde ele nunca mais irá latir! Nós não voltaremos [de Kiev] <…> Nós temos dinheiro, armas e aliados em todos os cantos do país. Nós voltaremos a Carcóvia quando terminarmos o nosso trabalho. E mesmo assim, temos muito trabalho para fazer!"
Outros documentos divulgados pelo CyberBerkut incluem a recomendação, por parte de Dublik, de não iniciar casos criminais contra os integrantes do grupo.
Segundo o CyberBerkut, estes documentos provam que "os assassinatos políticos de pessoas da oposição na Ucrânia foram supervisados por representantes do governo".
O jornalista Oles Buzina era famoso pelas suas posições políticas pró-russas e atitude crítica em relação ao movimento Maidan. A polícia de Kiev relatou que dois homens mascarados atiraram o jornalista perto de sua casa no centro da cidade.