Os surpreendentes e elevados números envolvendo recursos humanos, equipamentos, finanças e despesas durante a guerra podem ser considerados incontestáveis provas da loucura humana, da insensatez e da vontade de realizar extravagantes ideias de supremacia de uma nação sobre outra. Ainda mais trágico do que isso são os dados sobre os milhões de mortos; a destruição de cidades, aldeias e nações, famílias, mulheres, homens, crianças, jovens – tudo que representa inestimável valor para cada um de nós.
As perdas da Rússia nesta lista trágica, num ranking em que ninguém deseja ser o primeiro, são incalculáveis. E não é porque elas são desconhecidas, mas justamente porque são enormes e inesquecíveis.
Entre essas perdas há um número de 678 mil órfãos – crianças russas –, consequência da Segunda Guerra Mundial. Consequência que deixou marcas por muitos anos em todos os povos que faziam parte da União Soviética – nos seus filhos e nos filhos de seus filhos. E, em primeiro lugar, a indelével, inesquecível marca na vida de minha geração – a Geração de 40.
Quem foram nossos pais? Foram jovens felizes, apesar de tudo? Jovens que entendiam que poderia não haver o amanhã? Jovens viúvas que não tiveram tempo de ficar adultas, mas que já tinham perdido seus jovens maridos? Quantas delas foram abandonadas à própria sorte?
Quem somos nós? A geração nascida na época da guerra de 41 a 45, durante a defesa de Moscou, as Batalhas de Leningrado e Stalingrado, a libertação da Europa e a conquista de Berlim.
Talvez sejamos as últimas testemunhas daqueles anos. A geração de nossos pais foi embora. Apenas algumas poucas famílias tiveram a felicidade de não perder seus pais durante a guerra. O tempo fala mais alto.
Entretanto, nós estamos aqui. Nós, a geração dos anos 40, prova de que a vida sempre vence, e de que é impossível parar a vida. Somos uma lembrança para todos os que pensam de modo diferente.
Na véspera de data tão importante para a humanidade, vale a pena lembrar e relembrar aquela imensa tragédia, lembrar aqueles que deram tudo para a vitória. Lembrar, para que nunca mais aquilo se repita.
Para quem faz tudo para esquecer ou para reavaliar os resultados da Segunda Guerra Mundial, somente esta cifra já deve refrescar a memória: 678 mil vidas entre as crianças russas, a Geração de 1940.