EUA exigem que Quênia acolha refugiados somalis “até que conflito termine”

© AFP 2023 / Abdullahi MireSomali refugees at the Dadaab refugee camp in Northern Kenya
Somali refugees at the Dadaab refugee camp in Northern Kenya - Sputnik Brasil
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Durante a visita oficial à capital queniana, o secretário de Estado norte-americano, John Kerry, pediu ao presidente do Quênia, Uhuru Kenyatta, que continue recebendo os refugiados somalis no acampamento de Dabaab na sequência da guerra civil na Somália que os próprios EUA não conseguiram parar.

Segundo Kerry, o acolhimento temporário em Dabaab assegura um futuro digno para os refugiados da Somália, permitindo que eles “voltem ao seu país voluntariamente, com dignidade e segurança”.

O secretário de Estado norte-americano frisou que há mais de 450 mil refugiados somalis no Quênia.

No entanto, o governo queniano está considerando o desmantelamento de Dabaab, o maior acampamento de refugiados no mundo, por achar que o local é usado pelo grupo extremista Al Shabab (ligado à al-Qaeda) para recrutar novos terroristas.

A Somali man stands near the wreckage of a car - Sputnik Brasil
Veículo explode perto de escritório da ONU na Somália
Kerry reconheceu que o número atual de refugiados já representa uma “preocupação” para o país, porém insistiu que o acampamento deve funcionar “até que os refugiados possam voltar aos seus países, quando o conflito na Somália terminar”.

“O Quênia está ajudando a conseguir a paz e a democracia na Somália”, ressaltou Kerry.

É interessante lembrar que os próprios EUA levaram a cabo a operação Restore Hope, com apoio da ONU, no sul da Somália em dezembro de 1992 mas retiraram seu contingente após o fiasco na famosa Batalha de Mogadíscio, em Outubro de 1993, que resultou em morte de 18 comandos americanos. Após a saída dos estadunidenses, os contingentes dos outros países que também participaram da operação deixaram igualmente a Somália até 1995. O objetivo principal – parar a guerra civil na Somália – não foi atingido. Parece que os EUA tentam agora esconder o seu fracasso e colocar a responsabilidade nos ombros dos países vizinhos da Somália.      

Kerry na Somália

Antes de ir ao Quênia, o secretário de Estado dos EUA visitou, na segunda-feira (4) a vizinha Somália. A “visita relâmpago” foi realizada sem anúncio prévio, a parte somali só soube dela na segunda.

Segundo escreve o The New York Times, o presidente somali, Hassan Sheikh Mohamud, lamentou, durante o encontro com Kerry, o intenso trânsito nas vias públicas do país. “Trânsito? Pois então, vocês começam a ficar normais”, respondeu Kerry.

O conflito na Somália se prolonga há quase vinte anos. Na década dos 1990, houve uma intervenção internacional, com forte participação da ONU e EUA. Durante a guerra civil, quase toda a infraestrutura nacional foi destruída. Hoje em dia, o país consiste de várias regiões com tendências de separatismo e independência. Uma parte considerável da Somália está controlada pelo Al Shabab.

As visitas à Somália e ao Quênia de John Kerry fazem parte de uma turnê africana. Na quarta-feira, ele irá a Djibouti. Como no caso da Somália, Kerry se tornará o primeiro secretário de Estado dos EUA a visitar esse país.

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