Há um histórico bastante prolongado de rejeição do presidente Barack Obama pelos deputados. Neste ano, que é o último do seu atual mandato, ele está tentando melhorar a sua imagem, promovendo iniciativas como a reaproximação com Cuba (desde o ano passado) ou o processo de liberação do programa nuclear iraniano e levantamento total das sanções impostas a esse país.
Está claro que mesmo com um acordo aprovado em 30 de junho, o Irã terá que se adaptar às normas da comunidade internacional, representada pelo "sexteto" (EUA, Rússia, China, França, Alemanha, Reino Unido). Dificilmente as exigências expostas no acordo-quadro, aprovado em 30 de março, sofrerão mudanças significativas na sua versão definitiva.
E, contudo, o Congresso busca limitar o Irã mesmo quando este país estiver livre das sanções.
O confronto político interno se transforma, como frequentemente ocorre nos EUA, em uma preocupação externa. O auge do período pré-eleitoral é a época quando os candidatos se projetam no exterior.
Por exemplo, o autor do documento, Bob Corker, presidente da Comissão para Assuntos Exteriores do Senado norte-americano, justificou assim o teor do decreto:
"Eu acredito que os americanos querem que o Senado dos Estados Unidos e a Câmara dos Representantes, por sua parte, assegurem que o Irã seja responsável".
Já o senador republicano Marco Rubio, candidato à presidência, lamentou: "Estou desiludido pela direção tomada por este debate". Rubio queria que a versão final do documento forçasse o Irã a reconhecer o Estado de Israel.
Menendez demitiu-se após enfrentar acusações de corrupção, tendo passado o seu papel de promotor do decreto ao também democrata Benjamin L. Cardin. Este, por sua parte, explicou:
"Este documento legal não faz nenhum julgamento sobre um acordo com o Irã, mas dá ao Congresso uma chance de revisar qualquer acordo que iria suspender as sanções impostas pelo Congresso <…> Os riscos são demasiado elevados como para deixar a adversidade de partidos se sobrepor ao consenso nacional que apoia revisão pelo Congresso de todo tipo de acordo final".
É de notar, no entanto, que os deputados — tanto os republicanos, como os democratas — defendem fervorosamente o controle estrito do Irã, mas preferem ignorar outro projeto de decreto, também em tramitação no Congresso, que visa reforço do combate contra o Estado Islâmico.