Senhor ministro, uma primeira pergunta simples e óbvia. Por que a presidenta Dilma Rousseff não veio a Moscou?
A presidenta Dilma fez um grande esforço para estar presente aqui, ela queria prestigiar e participar dos 70 anos, infelizmente houve uma coincidência. Ela é madrinha de um casamento que acontece exatamente hoje no Brasil, de uma pessoa muito próxima dela que é Dr. Kalil, o médico dela, algo que estava marcado há muito tempo. Ela mandou uma carta pessoal para o presidente Putin que deixei com o embaixador do Brasil para que fosse entregue e me pediu para que eu a representasse. Ela vai estar aqui em junho.
E o boicote dos líderes Europeus?
Eu acho que não é o melhor caminho. Se a gente quer buscar o encontro era melhor ter vindo prestigiar (a parada). E com o próprio prestígio que dessem poderiam ter uma negociação mais fácil entre a Rússia e Ucrânia. Eu pessoalmente quis vir muito pois acho que não é brigando que se chega em um denominador comum.
O desfile é extremamente imponente, monumental, toda a praça, a fala, as músicas tocadas, a imponência das tropas que desfilaram, todos equipamentos aéreos e terrestres. Eu fiquei muito impressionado com o treinamento e organização. E com o silêncio. Quando ia chegando perto das 10 horas, a hora de começar, a praça, sem ninguém pedir, silencia e o desfile começa. Eu, que estudei no Colégio Militar no Rio de Janeiro, e que aprecio muito as paradas, posso dizer que essa é uma das mais bonitas que eu já assisti.
E sobre a bandeira, realmente era uma injustiça com o povo russo que perdeu mais de 25 milhões de pessoas. Tudo bem que não é mais a URSS, mas a maioria dos que morreram eram russos e eu determinei que as bandeiras de todos os aliados fossem participar do desfile. Fiquei surpreso de saber que há muito tempo havia este debate, se botava a bandeira russa ou não.
E por que não botavam a bandeira da União Soviética antes?
Eu acho que era ainda em função do resquício da Guerra Fria e alguns adotaram essa prática, na minha opinião, indevidamente. Mas eu acho que isso está superado. A bandeira já esteve lá e estará em todas as outras homenagens de 8 de maio.
Antes de vir para cá eu passei em Pistoia (Itália) e visitei o monumento aos brasileiros mortos aqui em território europeu. Tivemos mais de 450 mortos, fora os mortos na marinha mercante ou marinha de guerra, que são mais 1500. Para mim era importante participar, porque o Dia da Vitória, em minha opinião, num mundo conturbado como está hoje, deve ser cada vez mais lembrado.