Segundo a imprensa de São Paulo, o ex-chefe de Estado tem organizado na capital paulista, desde o ano passado, encontros com políticos, autoridades, especialistas e sindicalistas para discutir uma série de detalhes sobre a situação do país. Entre frequentadores assíduos e eventuais do chamado "grupo para o futuro", estariam os prefeitos Fernando Haddad (São Paulo) e Luiz Marinho (São Bernardo), os secretários municipais Alexandre Padilha (Relações Governamentais) e Arthur Henrique (Trabalho), o ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci, o presidente do PT, Rui Falcão, o presidente do Grupo Coteminas, Josué Gomes, e os presidentes do sindicato dos Metalúrgicos do ABC e da CUT, Rafael Marques e Vagner Freitas.
As reuniões aconteceriam na sede do Instituto Lula, no bairro do Ipiranga, semanalmente, tendo como principais temas desenvolvimento social, estabilidade, direitos humanos e política externa. Nesses encontros, de acordo com os envolvidos, Lula ouve conselhos de seus colaboradores e muitas críticas às articulações do atual governo.
A preocupação com o cenário atual e com o governo de Dilma Rousseff, aliás, foi admitida pelo próprio ex-presidente, durante sua passagem por Brasília na última semana. Em conversa com colegas, Lula disse não estar atravessando uma boa fase e demonstrou pouca esperança na recuperação da economia brasileira. Ele teria inclusive criticado algumas decisões de Dilma, segundo órgãos de imprensa, e declarado que seu projeto político estaria "esfarelando".
Se a insatisfação de Lula com o atual cenário político e econômico e com os rumos do governo da sua sucessora servirá de estímulo para fazê-lo considerar seriamente a possibilidade de um terceiro mandato, só o tempo e as reuniões do "grupo para o futuro" poderão dizer. Mas o fato é que jornalistas e pessoas próximas ao ex-presidente afirmam que ele parece cada vez menos empolgado e otimista. "Sem brilho no olhar", nas palavras de um amigo citado pela Folha de S.Paulo.