Na segunda-feira, o ex-premiê de Portugal e ex-presidente da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso, comentou que uma eventual saída da Grécia da zona do euro seria um precedente "negativo", mas não catastrófico.
Esta declaração foi feita pelo ex-premiê durante a sua intervenção na conferência "Portugal, Europa e o Mundo", organizada pela Plataforma para o Crescimento Sustentável em Lisboa.
"É gerível uma saída da Grécia do euro, mas é negativa do ponto de vista do precedente que abre. Portanto, se a Grécia sair do euro, não vai haver, penso, imediatamente uma turbulência dos mercados, como teria havido alguns anos atrás, com efeitos terríveis de contaminação e de contágio", afirmou Durão Barroso.
Contudo, não deixou de insistir que seria um precedente "negativo":
"Mas é um precedente mau, é um precedente negativo que se abre, razão pela qual deveríamos fazer tudo para evitar que tal aconteça. Haverá sabedoria do lado grego e do lado dos parceiros do euro que evite isso? Não sei".
A Grécia tem uma grande dívida com os credores da UE. Em 5 de junho, vence a parcela que monta até 1,6, bilhões de dólares. Mas as autoridades gregas já afirmaram que não estariam capazes de o fazer.
Porém, para Barroso, isso não salva a Grécia da necessidade de continuar sendo membro da UE, nem a UE da necessidade de continuar concedendo empréstimos à Grécia.
Em uma entrevista à Sputnik, o diretor da empresa alemã Bruges, Robert Oulds, disse que entre os alemães, observa-se uma tendência de recusa ao euro.
"Cresce na Alemanha a compreensão do fato de que o marco alemão foi, na realidade, uma moeda que tinha êxito. Cresce a compreensão do fato que eles [os alemães] não poderão pagar pelos problemas do Sul da Europa".
E não só a Alemanha. Para Oulds, o resto dos países europeus também teriam que abandonar o euro para "voltar a crescer":
"Ao longo prazo, seria melhor para os países europeus voltar a crescer, voltar às suas moedas nacionais".
De acordo com a sondagem, a maioria dos habitantes do Reino Unido, França e Alemanha acredita que a dívida da Grécia deve ser paga pela própria Grécia.
Já os gregos acham que deve ser perdoada.
Para Oulds, a recusa da Grécia ao euro pode resultar em uma curta recessão, mas depois o país poderá crescer com a moeda nacional, sem a dependência de uma moeda obrigatoriamente internacional.