“Percorremos um longo e árduo caminho, na realização de nossos projetos nacionais”, disse Dilma Rousseff à Comissão Permanente do Congresso da União do México. “Caminhos ainda cheios de importantes desafios. O combate à desigualdade talvez seja deles o primeiro. A ampliação e a qualificação da educação de nossos povos; a ampliação e a qualificação da saúde prestada a eles, e da segurança das nossas populações; a construção de uma economia fundada na inclusão social, na produtividade e no desenvolvimento da ciência e da tecnologia, fundada na inovação. Sobretudo, uma sociedade que respeita a diversidade, baseada em valores, em fortes valores, nos direitos humanos, na democracia e nos princípios éticos.” E a presidente acrescentou: “Uma sociedade que não pode conviver nem com a corrupção, nem com a impunidade.”
Em resposta à fala de Dilma Rousseff, o presidente do Senado mexicano, Miguel Barbosa Huerta, afirmou que “a corrupção é um flagelo que prejudica seriamente a sociedade, enfraquece as instituições e afeta a economia".
O cientista social Cláudio Couto, professor da Fundação Getúlio Vargas, de São Paulo, em entrevista exclusiva à Sputnik Brasil, comentou o pronunciamento da Presidenta Dilma: “Trata-se de uma declaração simbolicamente relevante, porque quem dá uma declaração como essa mostra que precisa dar satisfações a seus cidadãos a esse respeito, coloca-se ao lado de outro chefe de Estado, reconhecendo que lá também essa é uma preocupação, e um assunto que pode unir os dois países em uma série de ações. São dois países que têm um largo histórico de problemas com corrupção, mas também têm um histórico mais recente de medidas no sentido de combater a corrupção.”
O Professor Cláudio Couto acrescenta: “Entendo até que isso é uma consequência natural do processo de democratização pelo qual tanto o Brasil quanto o México passaram recentemente.”
Mais adiante, o cientista político da Fundação Getúlio Vargas explica: “A democracia traz à tona questões de como funciona o Estado, de como o Estado se relaciona com os interesses econômicos privados, o uso dos recursos públicos. A transparência aumenta, e daí, consequentemente, os problemas de corrupção afloram, e é mais fácil combatê-los.”
Para concluir, Cláudio Couto comenta: “Talvez até por isso as democracias tenham mais escândalos de corrupção do que os regimes autoritários, porque nestes últimos, evidentemente, há menos transparência, as coisas aparecem menos, às vezes tem-se a impressão equivocada de que exista menos corrupção. O que existe é, na realidade, menos conhecimento sobre a corrupção.”