O plano aprovado em maio pela União Europeia prevê a instalação na Estônia de 1.064 refugiados. As vizinhas Letônia e Lituânia, por sua parte, deverão acolher, respectivamente, 737 e 707.
"Ao invés de acolher os refugiados, é preciso lutar contra a migração dessa gente para os países da UE", declarou Kristiina Ojuland no seu facebook.
Esquecendo-se do politicamente correto, ela qualificou os africanos de "negros" (esta palavra é de desprezo no contexto europeu) e acrescentou que "a raça branca está em perigo".
O próprio primeiro-ministro, Taavi Roivas, que há pouco tinha saudado o envio de mais militares dos EUA, comentou assim a decisão da União Europeia:
"Estas quotas são injustas e se baseiam sobre dados errados. E bem se a Estônia deseja ajudar as vítimas da crise mediterrânea, não pode em nenhum caso aceitar tantos migrantes. Os países da União Europeia devem decidir por sua conta própria quantos migrantes podem acolher".
O atual ministro do Interior, Hanno Pevkur, concordou com o premiê precisando que "a Estônia deve decidir por sua conta própria o número de migrantes que irá acolher".
A frase de Ojuland reflete uma tendência muito em voga na União Europeia, bloco internacional que está fazendo coisas que parecem diametralmente opostas.
Primeiro, a UE aprova quotas de migrantes para vários países europeus (muitos dos quais não se sentem capazes de acolhê-los sem prejudicar os seus próprios habitantes). Logo depois, a mesma UE aprova um plano autorizando derrubar navios que podem transportar refugiados. O objetivo declarado é evitar mais tragédias com navios afundados no Mediterrâneo.
Anteriormente, informava-se que o premiê estoniano tinha dito a uma delegação do Senado dos EUA que queria que o contingente estadunidense na Estônia se aproxime do batalhão (até 1,5 mil pessoas).
A Estônia segue os EUA também em uma série de outros assuntos, lembra o cientista político Vladimir Olenchenko:
"De um lado, a Estônia se alinha aos EUA, doutro lado, os seus políticos se esquecem do fato de que os EUA estão chefiados por uma pessoa que tem origens na África. Haverá um político acre que pode projetar estas declarações [de Kristiina Ojuland] para as relações entre a Estônia e os EUA".
O debate sobre os imigrantes continua, mas a União Europeia insiste na repartição dos refugiados entre os seus países.