O especialista brasileiro em Direito Esportivo questiona: “Primeiro os Estados Unidos começaram uma investigação logo após perderem a escolha da Copa do Mundo de 2022 para o Qatar, o que já representa uma razão política; em seguida, depois de 3 anos de investigações, foram escolher justamente a véspera da eleição da Presidência da FIFA para ter reflexos na eleição. Essa ação do FBI é muito conveniente para quem quer tirar o Blatter do poder.”
Apesar dos interesses norte-americanos, o advogado acha válida a investigação que o FBI está fazendo. “A investigação é boa, tem que ser feita, mas também não se pode admitir o uso político desses instrumentos. Sem dúvida, esse momento deixa bem claro que havia um cunho político interno e externo nessa operação.”
Outra crítica feita pelo advogado Pedro Trengrouse é sobre a forma como os EUA solicitam cooperação dos países dos suspeitos, e de querer extraditar os acusados para que sejam cuidados pela Justiça americana. “O pedido de cooperação não é para que as pessoas sejam punidas em seus países, é para as pessoas serem enviadas para os EUA. Agora, será que os EUA têm esse direito de sair punindo cidadãos do mundo do modo como queiram?” E o especialista ironiza: “Será que vão mandá-los para a prisão militar de Guantánamo, em Cuba?”
Mesmo acreditando que a operação do FBI tenha fatores políticos, Pedro Trengrouse não vê a possibilidade de os Estados Unidos prejudicarem a Copa do Mundo de 2018, que será realizada na Rússia. Tanto que o Presidente Vladimir Putin reafirmou que o processo de escolha da Rússia para a Copa de 2018 transcorreu na legalidade, e que não admite contestações.
Sobre os reflexos das investigações para a CBF, Pedro Trengrouse acredita que a operação vai ter reflexos negativos não só para o Brasil, mas para o mundo inteiro. “As grandes empresas que patrocinam e transmitem esses eventos esportivos não querem se associar a nenhum tipo de imagem negativa. Mesmo que o julgamento ainda não tenha acontecido, há um prejuízo de imagem grande, que pode ter reflexos no mercado.”