O chefe do Comando Sul dos Estados Unidos, John Kelly, responsável por supervisionar as operações militares do país na América do Sul, Central e no Caribe, disse que "quase todos os voos [carregados com drogas] partem da Venezuela".
"Com a Venezuela não temos muita cooperação neste momento, e sabemos que há muita cocaína saindo desse território rumo ao mercado mundial", disse ele durante a XXII Conferência Internacional contra as Drogas, que reúne representantes de 127 países em Cartagena.
De acordo com John Kelly, os narcotraficantes continuam buscando novas estratégias para contornar a lei. Ele acrescentou que "não há maneira de ganhar [esta guerra] com disparos e munições, mas sim com uma estratégia integrada", relata o jornal Veja.
"Sou o primeiro americano a admitir que o problema está nas sociedades consumidoras. O meu país é o principal, o Brasil é o segundo <…> Os Estados Unidos têm uma procura insaciável pelas drogas. Não falo só da maconha, mas também da cocaína, heroína e metanfetaminas", disse Kelly.
Em maio, os Estados Unidos iniciaram uma investigação contra altos funcionários da Venezuela, incluindo o presidente da Assembleia Nacional, Diosdado Cabello, por suspeita de tráfico de drogas e lavagem de dinheiro.
As acusações contra Cabello e outros altos funcionários do Governo de Nicolás Maduro não são novas. No fim de janeiro os jornais ABC de Madri e El Nuevo Herald de Miami sustentaram que Cabello tinha sido identificado como o líder do Cartel de los Soles que supostamente transfere droga com ajuda de comandantes militares venezuelanos.
Cabello tem repetidamente negado as acusações. Além disso, um tribunal venezuelano proibiu a saída do país de 22 diretores e representantes dos jornais El Nacional e Tal Cual.
Como relatou na semana passada o canal de TV Telesur, Cabello disse que irá abrir processões na Espanha e nos EUA contra jornais, ABC e The Wall Street Journal. Anteriormente, as autoridades venezuelanas já chamaram as acusações de envolvimento no tráfico de drogas a uma tentativa dos EUA de desestabilizar o governo esquerdista da Venezuela.
As autoridades americanas não alcançaram um progresso significativo mesmo no seu próprio Estado. Numa entrevista à Sputnik, ex-agente da Agência Federal de Investigação (FBI), Coleen Rowley, comparou a luta dos EUA contra drogas com luta contra terrorismo no Oriente Médio. Na opinião da especialista, as agências de inteligência dos EUA deveriam tirar conclusões a partir da guerra contra as drogas, que mostrou que a eliminação dos barões apenas serve para aumento do tráfico e diminuição dos preços das drogas ilegais nos Estados Unidos.