EUA culpam Venezuela por suas próprias falhas na luta contra narcotráfico

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Os Estados Unidos declararam que a Venezuela não toma a iniciativa no combate ao narcotráfico enquanto os EUA ativamente estão tentando pôr fim à produção e tráfico de drogas no seu próprio território, assim como no da América Latina.

O chefe do Comando Sul dos Estados Unidos, John Kelly, responsável por supervisionar as operações militares do país na América do Sul, Central e no Caribe, disse que "quase todos os voos [carregados com drogas] partem da Venezuela".

"Com a Venezuela não temos muita cooperação neste momento, e sabemos que há muita cocaína saindo desse território rumo ao mercado mundial", disse ele durante a XXII Conferência Internacional contra as Drogas, que reúne representantes de 127 países em Cartagena.

De acordo com John Kelly, os narcotraficantes continuam buscando novas estratégias para contornar a lei. Ele acrescentou que "não há maneira de ganhar [esta guerra] com disparos e munições, mas sim com uma estratégia integrada", relata o jornal Veja.

"Sou o primeiro americano a admitir que o problema está nas sociedades consumidoras. O meu país é o principal, o Brasil é o segundo <…> Os Estados Unidos têm uma procura insaciável pelas drogas. Não falo só da maconha, mas também da cocaína, heroína e metanfetaminas", disse Kelly.

Em maio, os Estados Unidos iniciaram uma investigação contra altos funcionários da Venezuela, incluindo o presidente da Assembleia Nacional, Diosdado Cabello, por suspeita de tráfico de drogas e lavagem de dinheiro.

Diosdado Cabello em 2013 - Sputnik Brasil
EUA pretendem investigar presidente da Assembleia venezuelana por tráfico de drogas
Esta investigação foi uma resposta ao crescimento do tráfico de drogas na Venezuela, que começou depois da pressão na Colômbia. As autoridades colombianas, combatendo agressivamente o narcotráfico desde 2000 com uma ajuda de US$ 10 bilhões dos EUA, fizeram traficantes transferir suas operações para o país vizinho, informa o jornal The Wall Street Journal.

As acusações contra Cabello e outros altos funcionários do Governo de Nicolás Maduro não são novas. No fim de janeiro os jornais ABC de Madri e El Nuevo Herald de Miami sustentaram que Cabello tinha sido identificado como o líder do Cartel de los Soles que supostamente transfere droga com ajuda de comandantes militares venezuelanos.

Cabello tem repetidamente negado as acusações. Além disso, um tribunal venezuelano proibiu a saída do país de 22 diretores e representantes dos jornais El Nacional e Tal Cual.

Como relatou na semana passada o canal de TV Telesur, Cabello disse que irá abrir processões na Espanha e nos EUA contra jornais, ABC e The Wall Street Journal.  Anteriormente, as autoridades venezuelanas já chamaram as acusações de envolvimento no tráfico de drogas a uma tentativa dos EUA de desestabilizar o governo esquerdista da Venezuela.

Soldado norte-americano no campo de papoilas no Afeganistão - Sputnik Brasil
Produção de drogas no Afeganistão cresceu após chegada dos americanos
Os Estados Unidos têm historia longa de tentativas de combater o narcotráfico em vários países, mas sem sucesso. Por exemplo, os EUA e a OTAN gastaram US$ 7,8 milhões no combate ao cultivo e à produção das drogas no Afeganistão. No entanto, nos últimos anos essa produção não só não caiu, como pelo contrário, aumentou 50 vezes desde o início da operação militar no país em 2001 e continua aumentando.  Depois de 10 anos da ocupação militar americana, país produz 95% do ópio mundial.

As autoridades americanas não alcançaram um progresso significativo mesmo no seu próprio Estado. Numa entrevista à Sputnik, ex-agente da Agência Federal de Investigação (FBI), Coleen Rowley, comparou a luta dos EUA contra drogas com luta contra terrorismo no Oriente Médio. Na opinião da especialista, as agências de inteligência dos EUA deveriam tirar conclusões a partir da guerra contra as drogas, que mostrou que a eliminação dos barões apenas serve para aumento do tráfico e diminuição dos preços das drogas ilegais nos Estados Unidos.

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