A pesquisa revela que os mais belicosos são os americanos e canadenses – respetivamente 56 e 53 por cento dos respondentes destes países acham que é preciso usar a força militar. Somente 37 e 36 por cento dos americanos e canadenses acham que os seus países não deverão usar a força no caso de uma hipotética invasão russa contra qualquer país-membro da OTAN. Na Europa a posição mais firme contra a invasão russa foi evidenciada no Reino Unido, Polônia e Espanha, onde 49, 48 e 48 por cento estão em favor de uma resposta armada contra a agressão russa. Já 34 por cento dos poloneses acham que o seu país não deve defender os países-vizinhos com armas na mão.
A posição belicosa dos poloneses foi comentada à Sputnik pelo cientista político Robert Potocki:
“Em primeiro lugar, a Polônia é considerada um ‘falcão’ cuja política antirrussa não contribui para a solução do problema na Ucrânia, muito pelo contrário. Em segundo lugar, a retórica política polonesa, que tem caráter antirrusso, impede que o problema seja resolvido no quadro do triângulo ‘Paris-Berlim-Moscou’”, opina ele, confessando ao mesmo tempo que o interesse pelo tema ucraniano está diminuindo na Polônia.
Voltando ao tema do triângulo ‘Paris-Berlim-Moscou’, podemos constatar que na Alemanha e na França a ideia de começar um conflito armado com a Rússia é menos popular de que na Polônia e na América do Norte. Somente 38 por cento dos alemães acham que o seu país deverá entrar num conflito com a Rússia, enquanto 58 por cento se opõem a esta ideia. Na França 47 por cento são a favor, mas 53 são contra.
Henri Temple, um proeminente professor, político e jurista francês comentou a situação, criticando a influência da OTAN nos países da Europa:
“A maioria dos cidadãos dos países da OTAN não querem participar de quaisquer ações militares contra a Rússia. É lógico e justificado.
Apesar de a opinião pública acompanhar as ações e intenções da Rússia de maneira atenta e às vezes inquieta por causa dos preconceitos dos tempos da URSS, são óbvias as manipulações dos políticos europeus, assim como dos políticos estadunidenses por meio da OTAN, e erros diplomáticos.
Podemos dizer que o aumento da política antirrussa serve parcialmente para justificar a própria existência da OTAN. E sobretudo serve como um meio de eternizar a dependência da OTAN dos países da Europa Ocidental. O governo francês apoia esta dependência, cujas más consequências já vimos no exemplo da Afeganistão, Iraque, ex-Iugoslávia, neste momento é visível na Ucrânia, Iêmen, Bahrein, Síria, Irã, países do Golfo Pérsico e até na África”, opina.
Entretanto, o presidente russo Vladimir Putin negou, em uma entrevista ao jornal italiano Corriere della Sera, a possibilidade de a Rússia atacar qualquer país da OTAN, sublinhando que somente uma pessoa pouco saudável pode imaginar tal possibilidade.