Segundo explicou na entrevista exclusiva à Sputnik Yukiko Senzaki, integrante do movimento para a coleta de um milhão de assinaturas contra a guerra, a sociedade japonesa acha que a aprovação de projetos de lei sobre o direito do país à autodefesa poderá ameaçar a segurança nacional.
“O direito à autodefesa coletiva pode mudar de forma radical a realidade na qual o Japão existe hoje. Mais concretamente, o Japão foi o país que admitiu a impossibilidade de usar as armas, ou de conduzir uma guerra fora do país, e a aprovação da nova lei pode pôr fim a esta proibição.”
A especialista também declarou que compreende que a aprovação do projeto de lei pode criar uma ameaça para a China e a Coreia do Sul. Enquanto isso, os apoiantes do projeto acreditam que a lei poderia proteger o Japão da ameaça da China ou da Coreia do Norte.
Os partidos da oposição no parlamento do Japão mostram-se contra o projeto de lei. Eles opinam que o Japão fica sob a pressão dos EUA e esta pressão só aumentará com a aprovação do projeto.
“Os EUA nas relações com o Japão saíram fora do artigo 9 da Constituição [do Japão]. Mais cedo, o Japão, baseando-se no artigo 9, recusou esta proposta. Eu acho que no futuro os norte-americanos vão exigir que o Japão aumente o apoio na retaguarda. Também tenho receio que o governo do Japão esteja pronto para entrar ativamente nesta via. Quer dizer, o governo de Abe tenta, usando a pressão americana como pretexto, ampliar o âmbito que no momento restringe as ações de forças de autodefesa.”
O Artigo 9 da Constituição do Japão reza:
“Aspirando sinceramente a uma paz internacional baseada na justiça e na ordem, o povo do Japão renuncia para sempre à guerra como um direito soberano da Nação e a ameaça ou uso da força como meio de resolução dos litígios internacionais. 2) A fim de concretizar o objetivo do parágrafo precedente, não serão mantidas forças terrestres, marítimas e aéreas, bem como qualquer outra força militar. O direito de beligerância do Estado não será reconhecido.”
Senzaki também disse que o seu movimento planeja organizar protestos em todo o país bem como coletar assinaturas contra o projeto de lei, tentando falar o máximo possível sobre seus perigos.
“Já elaborámos novos folhetos e brochuras para ajudar a expor os planos de nosso governo para o maior número possível de pessoas poderem levantar a sua voz de protesto.”
Caso o projeto de lei for aprovado, as forças de autodefesa do Japão terão, pela primeira vez após a Segunda Guerra Mundial, a possibilidade de participar em hostilidades no exterior.
Mas desta vez o país não vai agir sozinho. Agora os EUA mostram grande apoio ao Japão e às suas forças de autodefesa.