"Nada neste mundo resulta indiferente", ressalta, no início da carta. Para o Papa, a atual crise ecológica tem fortes "raízes humanos". "A humanidade entrou em uma nova era onde o poder da tecnologia a põe em uma encruzilhada", diz. De um lado, há os avanços nas áreas energética, médica, informática, que ajudam as pessoas a viver e a aumentar a sua qualidade de vida.
Mas doutro lado, o poder que nos dão estas novas oportunidades:
"Nada garante que [a humanidade] o utilizará bem, sobretudo se considerarmos como já está servindo-se disso".
Além disso, a tecnologia produz poluição e contamina o ar e a terra, contribuindo para uma redução brusca da biodiversidade e da qualidade das condições de vida em várias regiões da Terra. E a Terra é a nossa casa, diz a encíclica, que começa com este verso de São Francisco de Assis: "Louvado seja, ó meu Senhor, pela nossa irmã, a mãe Terra, que nos sustenta e governa, produz flores diversos, e coloridas flores e ervas".
Na encíclica, o Papa Francisco advoga por uma "ecologia integral", que prevê mais responsabilidade ambiental, econômica, social e cultural para melhor lidar e reduzir os danos ecológicos.
Para o jornalista italiano Giulietto Chiesa, a nova encíclica do Papa marca, de verdade, uma nova época, já que abre a polêmica com o "partido do carvão", ou seja, os partidários da industrialização irresponsável.
A preocupação que é muito visível em todos os capítulos do texto da encíclica contrasta com o "otimismo não justificado das autoridades dos países".
"Eles acham que tudo irá melhorar por sua conta própria, que um pouco de ‘economia verde' ou ‘desenvolvimento sustentável' bastará para evitar a catástrofe", acredita Chiesa.
A catástrofe é o resultado lógico, segundo o jornalista, do vetor do desenvolvimento mundial imposto hoje em dia pela bancada financeira mundial. O Papa Francisco quer propor um vetor oposto, considera Chiesa.