O deputado Naqibullah Faiq disse à Sputnik Dari que o parlamento do Afeganistão tinha recebido ameaças durante vários meses, e o serviço de segurança do prédio estava em alerta constantemente. O êxito do ataque de hoje, segundo ele, deve-se boa preparação dos malfeitores.
"O mais provável é que a hora e o dia do ataque tivessem sido planejados de antemão, até pode ser que alguém estivesse na sala onde se realizava a sessão informando os terroristas em que momento o atentado devia ser realizado. No momento em que Stanakzai e o segundo vice-presidente entraram na sala, houve uma forte explosão. Houve muita fumaça, muita poeira, começou o pânico entre os presentes, alguns deputados ficaram feridos com estilhaços de vidro", conta o Dr. Faiq.
De acordo com a versão principal investigada pela polícia, o movimento extremista Taliban pode ter sido o autor do ataque. Mas esta versão não é definitiva, e até não é tão importante saber quem cometeu o ataque, senão qual é o objetivo e quais serão as consequências, diz o deputado:
"Nós ainda não sabemos quem está por trás de tudo isso. Talibã, EI ou algum outro. Eu acredito que há grandes figuras por trás disso que têm por objetivo a desestabilização do governo. E claro está que o parlamento afegão irá realizar a sua própria investigação, porque não atacaram um deputado ou um ministro, senão todo o parlamento".
O ataque começou com a explosão de um carro-bomba perto do prédio parlamentar. Depois, aproveitando o pânico geral, os assaltantes tentaram entrar no prédio, mas foram afastados pelo serviço de segurança. Escondidos em um prédio vizinho, os atacantes começaram um tiroteio.
Mais cedo nesta segunda-feira, o Talibã tomou o controle do distrito de Dasht-e Archi, no norte do país, perto da fronteira com o Tajiquistão. Esta região foi disputada com o Estado Islâmico, movimento terrorista que atua principalmente na Síria e no Iraque.
Os atentados com explosões de bombas, inclusive com terroristas suicidas, são bastante frequentes no Afeganistão, apesar da presença dos EUA, cujo contingente militar alegadamente devia combater o terrorismo. Porém, o terrorismo parece não ter diminuído, mas pelo contrário. Dados do Serviço Federal de Controle de Drogas (FSKN) da Rússia mostram um crescimento significativo do volume da produção de drogas derivadas do ópio — cerca de 95% — no Afeganistão.