"A barca está cheia", declarou o porta-voz do governo, Zoltán Kovács, em entrevista à imprensa, afirmando que a Hungria está recebendo um fluxo excepcional de migrantes desde o início do ano.
O documento suspenso temporariamente por Budapeste, o Dublin III, tem como objetivo organizar os pedidos de asilo na Europa. Entre outras coisas, determina que a demanda seja examinada pelo país de entrada do indivíduo no bloco europeu.
Fora da Hungria, essa determinação tem sido alvo de uma grande polêmica franco-italiana nos últimos dias. Segundo a França, mais de 200 imigrantes chegaram recentemente ao país após serem registrados primeiro na Itália e, por esse motivo, deveriam retornar ao país vizinho. Já no caso húngaro, com a decisão desta terça-feira, o país deixa de ser obrigado a aceitar de volta os imigrantes que entraram na União Europeia pelo seu território e, em seguida, se mudaram para outro Estado europeu.
Concretamente, de acordo com Budapeste, a grande maioria dos estrangeiros que migram para a Hungria (54 mil, desde janeiro) tem a intenção de seguir para outros países da Europa, mas, quando não conseguem, são obrigados a voltar para o território húngaro, por conta do regulamento de Dublin III.
No último dia 17, o governo húngaro anunciou que pretende construir uma cerca de quatro metros de altura ao longo dos 175 quilômetros da sua fronteira com a Sérvia — país de origem da maior parte dos imigrantes que chegam à Hungria —, medida que foi duramente criticada por Belgrado e Bruxelas.