Em termos proporcionais, o Brasil tem 300 presos para cada 100 mil habitantes. Os EUA, por sua vez, tem 698. A Rússia, 468; e a Tailândia, em terceiro lugar, tem 457 presos para cada 100 mil habitantes.
No entanto, o que mais assusta é a taxa de crescimento do número de aprisionamentos no Brasil, que subiu 33% entre 2008 e 2014, enquanto que a variação foi negativa entre os demais países com maior população carcerária – na Rússia, por exemplo, a queda foi de 24%.
“Mantida essa tendência, pode-se projetar que a população privada de liberdade do Brasil ultrapassará a da Rússia em 2018”, afirma o relatório.
O levantamento também aponta que 67% dos detentos no país são negros e que 56% são jovens, de 18 a 29 anos, sendo que a população brasileira nesta faixa etária compõe 21,5% da população total.
Os dados preocupam ainda mais os críticos da proposta de redução da maioridade penal, grupos da sociedade civil que defendem que a melhor solução para a criminalidade não é a punição, mas a educação e a garantia dos direitos básicos previstos na Constituição.
Encarcerar adolescentes poderá agravar a situação de violência no Brasil. #ReduçãoNãoéSolução pic.twitter.com/2MjRQ53tHE
— UNICEF Brasil (@unicefbrasil) 17 junho 2015
Comentando o assunto em entrevista à Rádio CBN nesta quarta-feira (24), a filósofa Viviane Mosé criticou a redução da maioridade penal no país, afirmando que a medida faria “dobrar” a população carcerária, reforçando com um maior número de jovens o crime organizado nas prisões brasileiras – que, em suas palavras, são verdadeiras “fábricas de delinquência”.
“Esta população [jovem, economicamente ativa] poderia estar trabalhando e produzindo alguma coisa, [mas] está presa. E mais – essa população –, ela é negra, na sua maioria, e ela tem uma escolaridade muito baixa; então é como se a gente estivesse dizendo assim: o nosso jovem, com baixa escolaridade e negro, tem um destino claro – ele vai para a prisão. (…) Isso não deve ser olhado com um olhar ético ou moral, ou religioso (…), é um gesto apenas racional de análise”, ponderou a comentarista.
Reduzir a maioridade é transferir o problema. Para o Estado é mais fácil prender do que educar. #ReduçãoNãoÉSolução #SouContra171
— Amanhecer (@amanhecercontra) 17 junho 2015
O relatório ainda deve ser votado em plenário e, por ser uma proposta de emenda à Constituição (PEC), a matéria precisará de, no mínimo, 308 votos para ser aprovada. Se passar, entretanto, ela ainda precisará ser votada em segundo turno na Câmara e depois em dois turnos no Senado.