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Deputadas pedem ajuda à ONU para conseguir maior representação política no Brasil

© East News / Alessandro CosmelliSede da ONU
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A ONU Mulheres para a região da América Latina e Caribe lançou nesta quinta-feira (25), em São Paulo, a campanha Eles por Elas, que tem como objetivo incentivar um maior apoio dos homens na luta das mulheres por maior representação política.

A diretora da ONU Mulheres – Entidade das Nações Unidas para a Igualdade de Gênero e o Empoderamento das Mulheres, Luiza Carvalho, que está desde o início da semana em sua primeira missão oficial no Brasil, cumprindo uma série de compromissos com representantes do Governo e entidades da sociedade civil, discutiu em Brasília, com parlamentares, formas de elevar a participação das mulheres na política para oficializar o lançamento da campanha.

Desde que assumiu o cargo em setembro de 2014, Luiza Carvalho tem dedicado parte da agenda em missões na América Latina e Caribe, para estreitar laços diplomáticos e ampliar o diálogo com autoridades, empresas e sociedade civil em favor do mandato da ONU Mulher: a igualdade de gênero e o empoderamento das mulheres.

Entre os compromissos no Brasil, a diretora da instituição realizou em Brasília a palestra “O Progresso das Mulheres no Mundo”. Durante sua fala, que teve como base um relatório sobre economia e direitos das mulheres, divulgado em abril deste ano, Luiza Carvalho alertou que a situação da mulher em igualdade precisa ainda ser muito mais desenvolvida, e ressaltou o impacto das políticas sociais no Brasil, na participação das mulheres no mercado de trabalho e na economia. “Infelizmente os progressos não são ainda o que esperamos, mas, dentre todas as regiões do mundo, a América Latina é a que tem apresentado o maior nível de avanço, tanto em termos de marcos legais e jurídicos como também em termos da posição da mulher no mercado de trabalho. Ainda temos que avançar muito. Estamos conclamando a sociedade civil e principalmente o setor empresarial para esses avanços, mas o que chama bastante atenção na América Latina, em particular no Brasil, é o nível de políticas que estão sendo ofertadas para a inclusão social e que determinam também a qualidade da inserção da mulher no mercado de trabalho.”

Segundo o relatório “O Progresso das Mulheres no Mundo”, metade delas faz parte da força de trabalho, em comparação com 3/4 dos homens. A participação das mulheres da América Latina e Caribe no mercado de trabalho teve o maior aumento entre todas as regiões em âmbito global – de 40 a 54% entre 1990 e 2013 –, mas está muito distante da participação dos homens, que registra 80%.

Na região, 59% dos empregos das mulheres são gerados no mercado informal, sem amparo na legislação trabalhista e sem proteção social. Além disso, 17 em cada 100 mulheres latino-americanas economicamente ativas são trabalhadoras domésticas remuneradas.

A pesquisa ainda revela as desigualdades que existem na remuneração de homens e de mulheres. No mundo, as mulheres ganham em média 24% a menos do que o salário dos homens. Na América Latina e Caribe a diferença é de 19%.

Em reunião na Câmara Federal, com parlamentares, para falar sobre a campanha Eles por Elas, a representante da Organização das Nações Unidas destacou que a América Latina tem avançado de forma considerável no percentual de mulheres que são representantes do povo.

Segundo Luiza Carvalho, os parlamentos latinos contam, em média, com 25% de participação feminina. No entanto, o Congresso brasileiro conta com menos de 10% de representação de mulheres, sendo que elas contabilizam 52% da população. O fato fez com que as deputadas pedissem o apoio da ONU na luta para inclusão das mulheres na política. A procuradora da Mulher, Deputada Elcione Barbalho (PMDB-PA), criticou a Câmara por não ter aprovado cota para as mulheres para cargos legislativos na votação da Reforma Política. "Eu considero isso uma falta de respeito com as mulheres, porque nós somos mais de 52% do eleitorado nacional e não temos essa mesma representatividade no Congresso. Com o Senado, temos mais duas senadoras, mesmo assim é muito pouco. Isso é incabível. Como podemos ter essa representatividade em um local onde se decidem as leis do país?”

Para a diretora da ONU Mulheres, a bancada feminina faz um movimento que está acima de partidos – é um movimento por igualdade e democracia. “Esse não é um movimento partidário, não é um movimento de classes sociais, não é um movimento de segmentos, é um movimento de mulheres para a paridade. Queremos uma democracia participativa, e para ser participativa ela tem que ser igualitária, temos que participar de igual maneira.”

Ainda de acordo com Luiza Carvalho, a Campanha Eles por Elas quer não só fazer um reconhecimento à participação masculina na geração da igualdade de gênero e da inclusão da mulher, mas incentivar um movimento solidário, que não apenas faz um reconhecimento da participação do homem, como também assume como claro que a igualdade de gênero só será conseguida se os homens aderirem à causa.

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