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Brasil é a última chance para EUA manterem sua política na América Latina

© AP Photo / Julio CortezBandeiras do Brasil e dos EUA
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A Presidenta Dilma Rousseff está nos Estados Unidos para encontrar empresários e o Presidente Barack Obama, a fim de retomar e expandir o diálogo político-econômico entre Brasil e EUA. O especialista João Cláudio Pitillo, falando com exclusividade para a Sputnik Brasil, comenta: “Brasil pode ser a tábua de salvação dos EUA na América Latina.”

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Esta visita oficial deveria ter ocorrido em 2013, mas foi cancelada após denúncias de que o Governo norte-americano monitorava as atividades de outros países e de seus líderes, e teria espionado também a Presidenta Dilma Rousseff e empresas estatais brasileiras.

Para analistas políticos, o Brasil é uma das últimas chances para os EUA continuarem a praticar sua política habitual na América Latina, afirmação que também é compartilhada pelo Professor de História João Cláudio Pitillo. Segundo ele, os Estados Unidos vêm há muito tempo amargando uma crise econômica, e a entrada da China no cenário global reordenou o capitalismo internacional. “Os EUA apostavam que a União Europeia ia ser algo de novo, ia potencializar o consumo na Europa, e nós estamos vendo que não”, afirma Pitillo. “Então, a crise nos EUA faz com que eles olhem para baixo e vejam a América Latina como uma tábua de salvação. E o principal país na América Latina, que tem uma economia que pode dar os aportes que os EUA estão precisando, é o Brasil, pelo seu tamanho, potência, grau de desenvolvimento, e por ser a oitava economia do mundo.”

O professor acredita que a visita da presidente aos Estados Unidos pode até ampliar negócios com o Brasil, porém a preocupação é: em que bases vão se dar esses novos acordos? De acordo com Pitillo, o Brasil já tem uma balança comercial desfavorável com relação aos Estados Unidos. “A gente continua vendendo coisas com baixo valor agregado: milho, soja, algodão, suco de laranja e bugigangas. O preço do minério que nós vendemos para lá é ridículo. O que a Presidenta Dilma foi fazer nos EUA ainda é uma incógnita. Preocupa muito ela ter ido nessa conjuntura em que o Brasil está, porque, já que piorou muito a situação econômica aqui no país nos últimos 8 meses e o Brasil não consegue romper com o seu capitalismo dependente, o que vai a Presidenta Dilma fazer em busca do Obama? Barack Obama foi uma pessoa que fracassou nos seus intentos internos, os EUA estão numa situação muito ruim, e a Presidenta Dilma leva uma comitiva de quê?”

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Para João Cláudio Pitillo, parte dos problemas do Brasil estão na América Latina, e desta forma o Governo brasileiro deveria ampliar as relações com os países do Mercosul e do grupo dos BRICS e as relações com a Argentina, e não fortalecer laços com os Estados Unidos. “Eu não vejo essa ida para os EUA como algo positivo no momento. O Brasil vive um problema de desindustrialização muito grave. Nos últimos 2 anos nós perdemos mais de 200 empresas. Eu não sei como o Brasil, numa condição de dependente, ainda vê uma saída nos EUA, que atualmente representam uma economia decadente, porque também teimam em não fazer as suas reformas internas.”

O especialista ressalta ainda que os problemas que estão sendo enfrentados pelo Brasil hoje poderiam ser solucionados pela própria Presidenta Dilma Rousseff e não com investimentos estrangeiros. “Não vejo com bons olhos a ida da presidente para os EUA, e acredito que parte dos problemas que estamos enfrentando na economia brasileira poderiam ser sanados com pequenas atitudes e com a caneta da própria Presidenta Dilma. Não vejo na emergência de dólares ou do investimento estadunidense a tábua de salvação para o Brasil.”

Segundo Pitillo, o Governo Dilma não fez nos últimos 4 anos as reformas básicas estruturais de que o país necessita desde 1964. “Nós necessitamos de reformas aqui no Brasil, não conjunturais, mas estruturais, desde 1964, pois quando o então Presidente João Goulart tentou exercer essas reformas recebeu um golpe de Estado. Desde então nós estamos com o fio da história partido. A Presidenta Dilma e sua equipe econômica precisam olhar e compreender o Brasil a partir do Brasil, porque esse velho método de pires na mão e pedir ajuda aos ianques, isso já provou nos últimos 100 anos não tem sido bom.”

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Ainda para o professor, a velha história de que o que é bom para os Estados Unidos é bom para o Brasil está mais do que provado que não tem funcionado. “A ida da Presidenta Dilma me parece ser uma tentativa de captação de recursos para tentar melhorar a crise em que nós estamos vivendo. Nós sabemos que isso num primeiro momento funciona, mas a gente sabe que essa remessa de lucro que se faz para o exterior engorda as matrizes e não aqui, onde é erguido todo esse capital.”

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