Espionagem dos EUA ameaça arruinar economia francesa

© AFP 2023 / TF1Julian Assange durante entrevista ao TF1
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Depois da espionagem política, vem a econômica. O WikiLeaks, em conjunto com as francesas Libération e Médiapart, divulgou novas informações sobre o grampo informático realizado pelos EUA na França.

Segundo as novas revelações, a Agência Nacional de Segurança (NSA, na sigla em inglês) possui uma lista de empresas importantes francesas que estavam espionadas. E a mídia francesa já se mostra preocupada porque os norte-americanos podiam ter acesso a informações muito sensíveis, ameaçando o negócio.

Entre as empresas citadas pelo jornal Libération, que publicou um artigo escrito com a participação de Julian Assange, fundador do WikiLeaks e agora residente da embaixada do Equador em Londres, está inclusive a Airbus, maior aeronáutica do país.

As áreas em que trabalham as empresas espionadas estão listadas em uma nota secreta do governo estadunidense, divulgada pelo WikiLeaks e intitulada "França: Desenvolvimentos Econômicos". De acordo com esta nota, a estratégia dos EUA na espionagem econômica na França abrange todas as práticas comerciais francesas, as relações entre a França e as instituições financeiras internacionais.

Os EUA também querem saber o que os comerciantes franceses acham sobre o G7 (que naquela época era ainda G8) e G20, assim como também os maiores contratos internacionais franceses.

As informações coletadas abrangeram as áreas consideradas estratégicas, como petróleo, gás, energia nuclear etc.

Segundo Julian Assange, cerca de 100 empresas francesas foram vigiadas; para rematar, a maioria delas levam a indicação OIV (Operadores de Importância Vital).

"Há muitos documentos, ao serem recolhidos todos em um só lugar, fariam um livro enorme", disse Assange em uma entrevista ao canal de televisão francês TV5 Monde.

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Ou seja, todas as esferas — a pública, a estatal, a comercial, com todos os setores correspondentes, estavam sendo vigiados constantemente, com os dados passados pelos grampeadores para as autarquias correspondentes nos EUA. A NSA nutria de informações coletadas assim entidades como o departamento de Segurança, do Comércio, Energia, a Reserva Federal, Tesouro e até o Estado-Maior conjunto das Forças Armadas dos EUA na Europa.

Para os autores do Libération, esta espionagem "pode ser tudo, desde um roubo simples de planos e esboços à pilhagem de dados tecnológicos confidenciais".

Mais o alvo mais procurado pela NSA são informações sobre negócios que envolviam empresas dos EUA. Nisso reside o maior perigo para a economia europeia, já que com estes dados, obtidos ilegalmente, violando o segredo comercial, seria "desastroso" para o negócio francês.

Mas agora, as revelações ameaçam os próprios EUA, nomeadamente o Tafta, tratado de livre comércio entre os EUA e a União Europeia. Vistas as revelações do WikiLeaks, tais projetos geram bastante desconfiança nos cidadãos europeus. E não só.

Depois do recente escândalo de espionagem na França, realizada conjuntamente pela NSA e pelo BND alemão, a França adotou uma lei de vigilância "total" que dá aos agentes poderes para "promover os interesses econômicos e industriais" da França. Resta saber qual será a resposta da França. Talvez ela vá espionar as empresas norte-americanas, como sugere o Libération?

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