"A publicação de hoje monstra ainda que a campanha de espionagem económica dos Estados Unidos estende-se à Alemanha e às instituições europeias-chave, como o Banco Central da UE, envolvendo também a crise na Grécia", diz o fundador do WikiLeaks, Julian Assange.
Os novos documentos destacam dezenas de altos responsáveis alemães que a Agência de Segurança Nacional considerava como "objetos de alta prioridade". Os funcionários são classificados pelo seu cargo em "assuntos políticos" e "desenvolvimento das finanças internacionais".
Os documentos também revelam a extensão da cooperação da NSA e da GCHQ (Government Communications Headquarters, serviço secreto inglês) na espionagem contra outros países aliados.
"Nossa publicação de hoje também mostra como o Reino Unido está ajudando os EUA na espionagem sobre questões centrais da Europa. Teriam a Alemanha e a França seguido com o plano de resgate do BRICS para a Grécia se estas informações não tivessem sido coletadas e entregues aos EUA, que devem ter ficado horrorizados com as implicações geopolíticas", lê-se no documento divulgado pelo WikiLeaks.
Entre as informações interceptadas há conversas de Angela Merkel com o seu assistente pessoal que revelam deliberações contraditórias em relação à solução da crise grega.
"Merkel teve medo de que Atenas fosse incapaz de superar seus problemas mesmo com uma margem de avaliação adicional, uma vez que não seria capaz de lidar com a dívida".
"Além disso, ela tinha dúvidas de que o envio de peritos financeiros para a Grécia ajudasse a manter o sistema financeiro sob controle".
Finalmente a solução preferida de Merkel foi "adotar um imposto sobre as transações financeiras (ITF)" já no próximo ano.
Outro documento indica o apoio da Alemanha ao plano de resgate do FMI financiado pelos países dos BRICS.
"Primeiro, o governo alemão queria soluções que funcionassem no contexto da atual legislação europeia", diz-se no documento. Por outro lado, os alemães iriam apoiar um fundo especial do FMI em que os BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) reuniriam meios financeiros com o objetivo de reforçar os resgates da zona do euro.
Na segunda-feira, o WikiLeaks divulgou documentos que provam que a espionagem dos EUA contra a França foi ainda mais profunda do que se acreditava anteriormente. A espionagem praticada pela agência de segurança nacional (NSA) dos Estados Unidos na Alemanha e na França foi muito além do "grampo" no celular da chanceler Angela Merkel, e envolveu vários ministros europeus bem como espionagem sobre a questão da crise na Grécia.