Em 2011, a Alemanha estudava a opção de estabelecer, no seio do Fundo Monetário Internacional, um fundo adicional de ajuda aos Estados devedores. Os BRICS deviam contribuir para este fundo.
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— WikiLeaks (@wikileaks) 1 июля 2015
Segundo um relatório divulgado nesta quinta-feira pelo WikiLeaks, a Alemanha "recusava-se a conceder a autorização bancária ao Fundo Europeu de Estabilização Europeia (FEEF), mas apoiava a criação de um fundo especial dentro do FMI para o qual os países dos BRICS iriam contribuir para apoiar as atividades de resgate financeiro". Os dados sobre tal aspiração alemã foram interceptados pela inteligência do Reino Unido — e repassados depois para os EUA.
O relatório interceptado, segundo a Wikileaks, contém uma frase do diretor-geral para Assuntos da UE do governo alemão, Nikolaus Meyer-Landrut, da qual consta que ele defendia maior participação do setor privado na salvação da Grécia.
O documento transmitido pelo GCHQ (Estado-Maior das Comunicações de Estado) britânico aos EUA foi captado na época em que estava sendo discutido um projeto conjunto franco-europeu que visava ajudar a Grécia.
Talvez com a ajuda dos BRICS, com a cooperação dentro do FMI, algo pudesse ter dado certo. Agora, a situação mudou bastante, e os BRICS, cansados de vários casos de inação inclusive do FMI, estão criando a sua própria infraestrutura financeira internacional — declaradamente mais inclusiva.
No entanto, a crise na Grécia continuará em todos os casos. Os analistas estimam que tanto faz que a Grécia saia da União Europeia ou permaneça, que mantenha o euro ou volte ao dracma, haverá uma situação de austeridade, controlada ou não.
Se a Grécia sair da Zona do Euro, a crise europeia irá se espalhar para a Ásia também. Por isso, a China, a economia asiática mais ativa, tentará salvar a Grécia.
A previsão é do banco Goldman Sachs, uma referência mundial no assunto. Já analistas russos e chineses afirmam que a China está interessada no estatuto europeu da Grécia, mas não irá intrometer-se antes do referendo, previsto para o próximo domingo, 5 de julho.
Para o Goldman Sachs, com o Grexit (saída da Grécia da União Europeia, com volta à moeda nacional, o dracma) acarretará uma redução de 2,2% das exportações da China para a Europa. A Índia perderá 2,6%. Taiwan, junto com o Japão e a Coreia do Sul, também serão atingidos pela crise europeia.
Aliás, a crise será mesmo europeia e não só da dívida grega. Portugal e Espanha, assim como também a Albânia, a Bulgária e outros países do sul da Europa, também estão na zona do risco.
Portugal, aliás, está lidando com a austeridade, imposta pela União Europeia, da mesma maneira que a Grécia.
É de notar que a China está acompanhando tão de perto a crise na Grécia que até o chefe do governo chinês, Li Keqiang, abordou este tema durante a sua visita a Bruxelas, que termina hoje. Para o analista russo Nikita Maslennikov, a atitude do país asiático pode mudar de uma maneira drástica a economia mundial:
"A China tenta implementar certos mecanismos de diplomacia econômica e financeira que permitam fomentar a não violação do fraco equilíbrio observado nos mercados. E também retirar os riscos adicionais, que só atrapalham o mundo financeiro global".
"Primeiro, nos limites da ajuda internacional conjunta, através do países da UE. Segundo, a China é capaz de prestar ajuda direta à Grécia, especialmente se tivermos em conta o projeto da Rota da Seda e do Banco Asiático de Investimento em Infraestrutura. A China, sim, tem esta possibilidade".
Até agora, são especulações, ainda que com um grau elevado de probabilidade. No domingo será o referendo na Grécia. E na próxima segunda-feira é muito provável que a China reaja.