Roberto Fendt diz que o Novo Banco de Desenvolvimento do BRICS poderá melhorar as infraestruturas dos países do grupo, de modo que seu desenvolvimento possa acelerar-se. “No caso brasileiro”, diz o economista, “ser retomado.”
Sputnik: Como o senhor recebeu as indicações do ministro da Fazenda e do presidente do Banco Central, Joaquim Levy e Alexandre Tombini, para serem, respectivamente, governador e vice-governador do Novo Banco de Desenvolvimento do BRICS?
Roberto Fendt: Vejo esta indicação da Presidenta Dilma Rousseff como extremamente positiva. É natural que na composição do Conselho de Administração do Novo Banco estejam presentes as principais autoridades fazendárias e monetárias de cada país. O economista Paulo Nogueira Batista Júnior é vice-presidente, e a presença dos três ilustra esta instituição que está começando a operar e logo dará uma contribuição importante ao desenvolvimento dos países, já que é um banco que pretende, pela sua constituição, investir em infraestrutura dos membros do BRICS e de outros países.
S: Qual é a atribuição de um governador no Banco?
RF: A atribuição principal de um membro da qualidade do Ministro Joaquim Levy é orientar as aplicações do Banco e verificar que as orientações do que seria o seu Conselho de Administração estejam sendo executadas apropriadamente. O Banco deverá valer-se de todos os recursos para que os seus empréstimos atinjam os objetivos colimados, isto é, promover o desenvolvimento daquelas regiões em que os investimentos estejam sendo feitos. Então, estas são as principais atribuições. Não são executivos da faixa operacional, eles estão num nível estratégico do Banco. Como sabemos, nas grandes organizações há três níveis: o estratégico, o tático e o operacional. O Ministro Joaquim Levy está no primeiro escalão dessa pirâmide, caberá a ele, juntamente com os outros governadores do Banco, traçar diretrizes e orientar a política de investimento do Novo Banco de Desenvolvimento do BRICS.
S: Estas escolhas se dão em razão dos cargos que exercem de ministro da Fazenda e presidente do Banco Central ou elas se dão pelos méritos profissionais de cada um desses titulares da economia brasileira?
RF: Os méritos desses titulares já foram devidamente aquinhoados com a posição que hoje ocupam. Um ministro da Fazenda e um presidente do Banco Central são pessoas que têm necessariamente não só uma consciência e uma honradez ilibada mas também, no mesmo nível, um grau de competência adequado. Foi por isso que Joaquim Levy foi escolhido ministro da Fazenda e Alexandre Tombini foi mantido no cargo de presidente do Banco Central. Nessas condições, eles representam o Brasil no Conselho de Administração do Novo Banco. Assim acontecerá com os representantes dos demais países do BRICS que fazem parte do Conselho de Administração do Novo Banco.
S: Qual é a sua expectativa para este encontro da Cúpula do BRICS em Ufá?
RF: Minha expectativa é muito grande porque o Brasil, como país-membro, poderá se beneficiar muito daquilo que for tratado no encontro. Nós esperamos que o BRICS, ao contrário do que se imaginava no início, que seria um exercício retórico, aos poucos vai conformando um núcleo de países que embora muito dissímiles têm em comum essa vocação de promoção de desenvolvimento, ou seja, nós, mais a Rússia, a China, a Índia e a África do Sul, estamos todos envolvidos no desafio de melhorar as infraestruturas de nossos países para que o desenvolvimento possa acelerar-se. No nosso caso, ser retomado.
Entrevista: “Levy e Tombini ilustram o conselho do Novo Banco do BRICS”
17:47 08.07.2015 (atualizado: 10:09 29.11.2021)
© AFP 2023 / Evaristo Sá
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O diretor-executivo do Cebri – Centro Brasileiro de Relações Internacionais comenta a indicação dos nomes de Joaquim Levy e Alexandre Tombini para o conselho de governadores do Banco do BRICS. O economista Roberto Fendt falou com exclusividade para a Sputnik Brasil.