O documento que o primeiro-ministro da Grécia, Alexis Tsipras, assinou na terça-feira, não resolve a situação. Foi ele mesmo que o disse.
"Eu assumo completamente as minhas responsabilidades pelas falhas e pelos lapsos, e também a responsabilidade por assinar um texto em que eu não acredito, mas estou obrigado a implementar", disse Tsipras, ao assinar o acordo de compromisso sobre a crise da dívida grega.
Mas a ponte é fraca, e isso é admitido por todas as partes.
O acordo da terça-feira adia por um prazo ainda indefinido a saída do país da zona do euro — a assim chamada Grexit, temida pela União Europeia. O documento foi assinado um pouco mais de uma semana depois do referendo em que o povo da Grécia votou contra as medidas de austeridade impostas pela União Europeia, com a Alemanha como o principal credor.
O acordo não é visto com bons olhos nem pela FMI, que estimou que a dívida grega é "extremamente insustentável".
Desde a sua ascensão política, neste ano, Tsipras, junto com a coalizão no poder no seu país, defendeu a reestruturação da dívida grega e mais independência nos assuntos econômicos dentro da UE. O referendo realizado em 5 de julho foi o auge do programa da coalizão. E o "motor do não" do referendo, o ex-ministro das Finanças Yannis Varoufakis, demitiu-se justamente depois do plebiscito, deixando a mensagem de que cumpriu a sua tarefa.
Já nesta quarta-feira (15), quem demitiu-se foi a vice-ministra das Finanças da Grécia, Nadia Valovani. Explicando a sua ação, ela disse que não podia continuar exercendo as suas funções na situação atual.
"Alexis [Tsipras], quando houve desafios, eu estou pronta para servir em qualquer qualidade, até o fim, Mas no caso em que a nossa delegação voltou com obrigações que preveem medidas nascidas mortas, quando com cada avaliação [pelos credores do estado das reformas] estaremos ante o dilema: ou desistirmos, ou fazermos a Grexit, — eu não vejo possibilidade nenhuma de permanecer no governo", reza a carta de demissão da ex-vice-ministra.
No entanto, Valovani afirmou que "a luta, eu quero confiar nisso, continua".