A pesquisa do IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística revela que a população desocupada não mostrou variação em relação ao mês de maio, porém em junho cresceu 44,9% em relação ao mesmo período do ano passado, ou seja, quase 500 mil pessoas a mais atrás de vagas de trabalho.
Já a população ocupada, que chegou a 22,8 milhões, ficou estável em relação a maio, mas caiu 1,3% se comparada a junho do ano passado, o maior recuo desde janeiro de 2013.
Segundo a pesquisa do IBGE, a faixa etária entre 18 e 24 anos, a chamada turma do primeiro emprego, é a que está com maior dificuldade em conseguir uma colocação no mercado. A taxa de desemprego nesse grupo vem crescendo. Do ano passado até agora passou de 12% para 17%.
De acordo com Adriana Beringuy, são pessoas que antes não estavam trabalhando e passam a buscar o mercado de trabalho, principalmente para ajudar nas despesas de casa diante da crise econômica no país. “A taxa de desocupação, de modo geral, é sempre mais elevada entre as pessoas mais jovens. O que se percebe é que, quando comparado com o ano passado, o crescimento foi muito acentuado, e mais acentuado nos demais grupos etários. Isso nos mostra que a pressão exercida pelos jovens no mercado de trabalho está sendo bem maior do que a do ano passado, o que pode provavelmente estar relacionado com a maior necessidade dessa população jovem de ingressar no mercado de trabalho em busca de rendimento, seja porque o rendimento familiar eventualmente tenha se reduzido ou porque houve uma interrupção no processo de qualificação que estava sendo adquirido anteriormente, e agora esse jovem parte para o mercado de trabalho propriamente.”
A pesquisa do IBGE aponta ainda que no setor privado o número de trabalhadores com carteira assinada também permaneceu estável em junho – um total de 11,5 milhões –, porém o número representa uma redução de 2% em comparação com 2014.
A pesquisa foi realizada em seis regiões metropolitanas: Recife, Salvador, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, São Paulo e Porto Alegre. O desemprego ficou equilibrado em todas as regiões analisadas em relação ao mês de maio. Porém, em comparação com 2014, o desemprego teve alta em todos os Estados. A crise é maior na Região Nordeste. Em relação ao ano passado, Recife passou de 6,2% para 8,8%; em Salvador a taxa de desemprego passou de 9,0% para 11,4%. Em terceiro lugar no ranking está São Paulo, que passou de 5,1% para 7,2%. Em Porto Alegre, o índice de 3,7% foi para 5,8%; no Rio de Janeiro, de 3,2% para 5,2%; e em Belo Horizonte o índice de desemprego passou de 3,9% para 5,6%.
Já o rendimento médio real dos trabalhadores ocupados foi de R$ 2.149,10, valor 0,8% maior do que em relação a maio deste ano, mas na comparação anual ficou 2,9% menor: o valor era então de R$ 2.212,87.
A falta de vagas afeta todos os setores, mas os trabalhadores dos ramos da construção, comércio e serviços foram os mais atingidos por cortes, o que representa menos 300 mil pessoas empregadas no país.