A análise encomendada pela Associated Press foi feita após quatro rodadas de testes em três locais de competição: a Baía de Guanabara, a praia de Copacabana e a Lagoa Rodrigo de Freitas. O resultado é que nenhum apresenta segurança sanitária para os atletas.
O biólogo marinho do instituto Southern California Coastal Water Research Project, John Giffith, após analisar os resultados apresentados pela agência, afirmou que “o que se tem ali é basicamente esgoto puro”.
A propósito, o engenheiro civil e sanitarista Adacto Ottoni, coordenador do Curso de Especialização em Engenharia Sanitária e Ambiental da UERJ – Universidade Estadual do Rio de Janeiro, comenta que, se se coletar as águas da Baía de Guanabara na região próxima à foz dos rios, elas serão de péssima qualidade, ou seja, “os esgotos todos da bacia drenante em grande parte estão sendo encaminhados pelos rios e daí vão para a Baía de Guanabara”.
Então, pergunta o especialista, “como pode a água estar de excelente qualidade se os rios que adentram a baía estão de péssima qualidade?”.
“Se o monitoramento for feito em água ambiental em situação de águas médias e altas”, explica o engenheiro Adacto Ottoni, “a água do mar entra e dilui o esgoto e dá uma impressão às vezes inadequada da situação real de balneabilidade”.
Há solução para o problema? “Nós temos que, de uma vez por todas, começar a implantar programas viáveis para fazer reuso de esgoto. Esse esgoto que está poluindo a Baía de Guanabara poderia estar sendo aproveitado na produção de biogás, de adubo com matéria orgânica de reuso do esgoto tratado para outros fins, inclusive irrigação, e o lixo também todo reaproveitado”.
O engenheiro sanitarista observa que, “infelizmente, as políticas públicas estão na contramão da sustentabilidade ambiental, e o caos no saneamento está levando realmente a uma preocupação grande em relação às Olimpíadas”.
Adacto Ottoni, porém, pensa que ainda há tempo útil para recuperar a Baía de Guanabara para os Jogos de 2016: “Se forem tomadas medidas adequadas, como, por exemplo, fazer uma obra mais drástica, que é uma galeria de tempo seco barrando os esgotos de um lado e de outro dos rios, uma obra emergencial, para evitar a entrada de esgoto no rio e conectar esse esgoto com as estações de tratamento que já existem. E, quanto ao lixo, começar a implementar programas emergenciais de coleta seletiva e reciclagem para evitar a entrada do lixo nos rios.”
“Agora”, conclui Adacto Ottoni, “tem que haver decisão em tempo rápido. As coisas não estão indo no ritmo devido. Não é que não está se fazendo nada. Está havendo atuações, mas em ritmo lento, muito aquém do necessário para atingir a meta das Olimpíadas. A recuperação total da baía não dá para se fazer em um ano, mas dá para conseguir uma boa melhorada com essa ações que acho prioritárias".