"Estes documentos mostram que o governo japonês preocupa-se com a escolha de informação que eles divulgam aos EUA para evitar o rompimento das suas propostas sobre o problema de mudanças climáticas ou na sua política externa. E agora sabemos que os EUA ouviam e leiam tudo isso e transferiam à Austrália, ao Canadá, Nova Zelândia e Reino Unido. A lição para o Japão consiste no seguinte: não esperem que uma superpotência global de espionagem vos respeite e vos trate com dignidade. Só tem uma regra: não há regras", disse Assange.
O especialista em política defensiva japonesa James Simpson também opina que a espionagem da NSA (Agência Nacional de Segurança) possibilitou saber "momentos-chave nas ações do governo japonês".
"O Japão será totalmente chocado pelo fato de que as notícias sobre espionagem se tornaram públicas", diz ele, citado pelo jornal The Japan Times.
Nesta sexta-feira (31), o Wikileaks publicou uma série de documentos que mostram que a NSA espionou as empresas japonesas, inclusive Mitsubishi e Mitsui, funcionários do governo, ministérios e altos conselheiros pelo menos desde o primeiro mandato do premiê Shinzo Abe (2006-2007).
Shigeki Hakamada, professor da universidade de Aoyama Gakuin comentou à situação à Sputnik:
"No que toca à espionagem do premiê e outras altas personalidades japonesas, embora isto seja uma prática comum, é preciso na mesma partir do fato que isto é inamissível em relação ao premiê do país-aliado".
Político de oposição japonesa, Kazuyuki Hamada, por sua vez opina que este escândalo pode minar a confiança do povo japonês em relação ao primeiro-ministro Shinzo Abe:
"É que durante a última visita aos EUA, o premiê Abe, no decurso das negociações com o presidente Obama, definiu novos sentidos da parceria entre os EUA e o Japão. Isso abrange tanto as emendas à lei da Defesa, discutidas no momento no parlamento japonês, como os temas relacionados à última etapa das negociações sobre o TTP. E o fato deste escândalo surgir neste momento extremamente importante para o desenvolvimento das relações nipônico-estadunidenses pode minar seriamente a confiança no governo de Abe".