"A Rússia é um parceiro importante na luta contra o Estado Islâmico", disse ele.
"O diálogo com Moscou é vital, apesar da deterioração das relações entre os Estados Unidos, a União Europeia e a Rússia por causa da crise ucraniana", acrescentou Renzi.
Durante a sua reunião com o primeiro-ministro do Japão, Shinzo Abe, no início da semana, Renzi salientou a importância de envolver a Rússia nas discussões sobre questões globais e regionais.
Ao mesmo tempo, a mídia japonesa considera que Renzi está falando nas entrelinhas. A Itália, que abandonou a energia nuclear, é totalmente dependente do gás russo. Além disso, Renzi ainda espera devolver o maior mercado [russo] aos agricultores italianos.
Provavelmente, o governo italiano percebeu a vacuidade das sanções contra a Rússia e, como Renzi sublinhou, sem o gás russo e o diálogo com Moscou, os riscos tornam-se excessivos.
Tiberio Graziani, presidente do Instituto de Estudos Avançados em Geopolítica (ISAG) e editor-chefe da revista italiana "Geopolítica", comenta a situação:
"A Itália tem uma relação especial com a Rússia, tanto em termos de cultura quanto de economia. Desde o colapso da União Soviética, antes da crise ucraniana, os laços económicos sempre foram muito fortes. Na questão ucraniana a Itália era, desde o início, um dos países que propunha um diálogo entre a Rússia e o assim chamado mundo ocidental liderado pelos Estados Unidos. Mais tarde, a Itália teve de juntar-se à posição da UE e às instruções da América".
Especialista italiano opina que a Rússia é uma das grandes potências militares que desempenha um papel importante no balanço das forças no mundo:
"Este sinal de Renzi significa que há vários países na UE que perceberam que cometeram um erro. Um país como a Rússia não pode ser isolado nem politicamente nem economicamente e, especialmente, do ponto de vista militar. Me parece impossível combater o terrorismo sem o apoio da Rússia, sem o seu serviço de inteligência e armamentos".
De acordo com Graziani a posição do primeiro-ministro italiano é muito razoável devido a situação atual no país:
"Numa altura em que a Itália está realizando uma série de reformas, é necessário manter boas relações com os seus parceiros económicos tradicionais, um dos quais é definitivamente a Rússia, país que fornece o gás aos países da UE. Espero que outros líderes da Europa se juntem ao sinal de Renzi enviado a partir do Japão".
Na opinião de vários políticos europeus, a União Europeia, com seus problemas internos, não tira vantagens das sanções contra a Rússia. O fato de que a Grécia quase saiu da zona do euro mostra a fraqueza da UE. E, em vez de fortalecer os laços com o grande parceiro económico, a UE apoia as sanções impostas pelos EUA.
A União Europeia, os Estados Unidos e seus aliados introduziram várias sanções contra a Rússia, acusando Moscou de interferir no conflito ucraniano. Estas acusações têm sido repetidamente negadas pelo Kremlin.