Ao participar de um fórum sobre temas agrícolas em São Paulo na terça-feira, 4, Alan Bojanic afirmou que “o Brasil terá no futuro um papel preponderante na tarefa de prover alimentos para o mundo”. Em suas palavras, "se hoje o Brasil é o segundo maior exportador global de alimentos, em volume, em 10 anos poderá se tornar o número 1 no ranking, tanto em volume como em valores".
A avaliação de Bojanic é baseada no Relatório FAO OCDE 2015-2024, estudo da FAO em conjunto com a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) sobre perspectivas para a agricultura brasileira na próxima década.
Para o jornalista e veterinário Luiz Octavio Pires Leal, editor da revista “Animal Business Brasil”, publicada pela Sociedade Nacional de Agricultura, as previsões da FAO estão corretas:
Alan Bojanic destacou ainda que “dados atualizados apontam para uma população global de 9,7 bilhões de pessoas em 2050, 37% maior que a população atual. Para prover alimentos para todos, a produção mundial de alimentos deverá crescer 80%.”
O especialista brasileiro Luiz Octávio Pires Leal concorda com estes argumentos e diz que o Brasil tem todas as condições para atender a esta demanda:
“Temos uma grande quantidade de terras aproveitáveis em todo o Brasil, temos sol o ano inteiro em praticamente todo o país, temos a melhor tecnologia e temos ainda os grandes avanços representados pela Embrapa, a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária.”
Outro especialista a concordar com as ponderações de Alan Bojanic é o economista Gilberto Braga, professor do Ibmec-Rio e da Fundação Dom Cabral. Mas ele entende que, para atingir a condição de primeiro exportador mundial de alimentos, o Brasil deve investir em infraestrutura:
“Hoje, o maior entrave para que o Brasil atinja este patamar é a questão logística”, observa o economista. “O Brasil precisa de rodovias, hidrovias, portos, malha ferroviária e espaços para armazenamento das mercadorias. Temos o desenho, digamos assim, e temos a tecnologia para alcançar esta solução. Mas, neste ponto, temos de levar em conta o fator político: quem estará no poder em 2024, quem dominará o cenário político na época, e quem terá interesses em áreas agrícolas específicas. Esta é uma discussão que vai longe. Por isso, é preciso racionalizar a produção, o que inclui o transporte das mercadorias, o preço justo dos fretes e uma harmonia entre toda a cadeia produtiva e o Governo. É preciso encarar a questão agrícola como o que ela deve realmente ser, o agronegócio. A partir daí, o Brasil estará plenamente apto a se tornar o primeiro produtor e exportador mundial de alimentos.”