Nesta quinta-feira, a França finalmente devolveu à Rússia o montante do pagamento preliminar pelos navios porta-helicópteros Mistral, que Moscou tinha se comprometido a comprar no ano passado. Mesmo assim, quase um ano de recusas e vacilações fazem do assunto uma “história escandalosa”, acredita Yvan Blot, ex-deputado do Parlamento Europeu e antigo conselheiro do ex-presidente francês Nicolas Sarkozy.
“É uma história escandalosa. Primeiro, a França, como Estado, está passando por sérias dificuldades financeiras. Pagar 1,2 bilhões de euros à Rússia por não ter fornecido dois navios é pouco oportuno agora. Segundo, é um duro golpe contra a nossa reputação internacional. A França sempre atuou como um significante vendedor de armamentos. E muitos países hoje podem pensar se realmente adianta comprar algo da França. É um grande erro do ponto de vista econômico”, disse Blot à Sputnik.
“Uma escolha incomum para um socialista a de M. Hollande”, acha Blot. “A América não irá salvar-nos das dificuldades econômicas. Mas agora, os EUA se sentem à vontade dando ordens à França, especialmente vista a relação íntima com o Partido Socialista que originou logo depois da Segunda Guerra Mundial, sob o pano de fundo anticomunista”, adverte.
Não só os EUA, porém: o político cita também a Alemanha, afirmando que a França está dependente do país vizinho, “por isso as relações da França com a Rússia dependem das relações da Alemanha com a Rússia”.
A presidente do partido Frente Nacional, terceiro maior partido da França, Marine Le Pen, coincidiu com Blot em um comunicado:
“O fim oficial do contrato dos porta-helicópteros Mistral é um erro sério de François Hollande e causa um prejuízo sério à reputação da França”, disse Le Pen.
Agora, a França ficou com dois navios com os quais gastou uma fortuna e os quais não poderá implantar na sua Marinha. Entre os países que poderiam comprá-los, salvando Paris, já foram listados o Canadá e até mesmo o Brasil. O último desmentiu oficialmente tal possibilidade.