A presidente garantiu que ninguém vai tirar a legitimidade da governança que lhe deram pela eleição direta. “Eu respeito a democracia do meu país”, disse Dilma. “Eu sei o que é viver numa ditadura, por isso eu respeito a democracia e o voto. E podem ter certeza de que além de respeitar eu honrarei o voto que me deram. A primeira característica de quem honra o voto que lhe deram é saber que é ele a fonte da minha legitimidade, e ninguém vai tirar essa legitimidade que o voto me deu.”
A Presidenta Dilma Rousseff foi reeleita em 2014 com 54,5 milhões de votos no segundo turno, contra Aécio Neves, que obteve 51,04 milhões de votos. Dilma venceu em 15 Estados, e Aécio, em 11 mais o Distrito Federal.
A crise política enfrentada pela presidente se intensificou na semana passada com a retomada dos trabalhos no Congresso Nacional, onde o Governo sofre sucessivas derrotas e passa por dificuldades em resgatar o apoio da base aliada.
Em meio às ações da oposição defendendo um processo de impeachment e de parlamentares do PSDB pedindo novas eleições, Dilma Rousseff garantiu que está se esforçando para retomar a estabilidade política e que vai trabalhar de forma incansável para isso. “Me comprometo a contribuir e a me esforçar pela estabilidade. O país tem uma democracia, e por isso devemos respeito entre os poderes, entre o Legislativo, o Executivo e o Judiciário. E eu me disponho a trabalhar incansavelmente para assegurar a estabilidade política do nosso país”, declarou.
Ainda durante seu pronunciamento, a presidente reconheceu que o país está em crise, mas que o Brasil está muito mais robusto e mais forte do que em anos anteriores. Dilma citou as reservas cambiais existentes, de mais de US$ 300 bilhões, e afirmou que o país não quebrou. “Antes, o Brasil, quando havia qualquer problema interno ou externo, tendia a ter dificuldade para pagar suas contas externas, ou seja, não tinha dólar para pagar as suas contas. Hoje, o nosso país tem mais de US$ 300 bilhões de reservas. Nós não quebramos.”
De acordo com a presidente, o Brasil ainda precisa avançar muito, mas ela destacou que nos últimos anos o país deixou de ser visto como uma sociedade de pessoas pobres para um país predominantemente de classe média.
O Vice-Presidente Michel Temer, também nesta sexta-feira (7), desmentiu os boatos de que teria deixado de ser o articulador político do Governo. Através de seu perfil no Twitter, Temer garantiu: “São infundados os boatos de que deixei a articulação política. Continuo. Tenho responsabilidades com meu país e com a Presidenta Dilma.”
Michel Temer assumiu o papel de articulador político do Planalto em abril deste ano, após a saída do ministro das Relações Institucionais, Pepe Vargas (PT), do cargo.
Já o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), comentou nesta sexta-feira (7), durante viagem de trabalho a Manaus, que considerou mais como um “desabafo” do que um “apelo” o discurso feito por Michel Temer esta semana pedindo a união no país.
Para Eduardo Cunha, a declaração do vice-presidente foi dada em virtude da incapacidade de articulação do Governo junto à base aliada para reverter uma possível derrota na Câmara dos Deputados na sessão de quarta-feira (5). “Tem que perguntar a ele, Michel, o que ele quis dizer quando fez o apelo. Interpretei mais como desabafo do que como apelo, porque apelo ele teve momentos para fazer de forma concreta e em local apropriado. Tenho impressão de que ele viu o clima daquele dia, que os líderes dos partidos estavam contra a proposta do Governo, e, pela incapacidade de reverter o processo, fez o apelo", disse o presidente da Câmara.