Enquanto o Japão lembrava a tragédia que matou 74 mil pessoas em Nagasaki em 1945, ativistas e sobreviventes do ataque perpetrado pelos EUA uniram vozes contra a proposta de lei que o governo do primeiro-ministro Shinzo Abe submeteu ao Parlamento para permitir que as tropas japonesas voltem a poder lutar em conflitos no exterior, o que não acontece desde o fim da Segunda Guerra Mundial.
Some scenes at last night's protest in #Tokyo against #Japan PM Abe's security policies | 3 of 3 @SEALDs_Eng pic.twitter.com/P0R0q2BYdP
— Kjeld Duits (@KjeldDuits) 7 agosto 2015
Durante um protesto organizado em Tóquio na semana passada, um sobrevivente do ataque nuclear, Sumiteru Taniguchi, 86 anos de idade, disse que a nova legislação proposta por Abe está em contradição direta com os desejos das vítimas das bombas de Nagasaki e Hiroshima.
"Não podemos aceitar isso. Os projetos de lei de segurança que o governo está tentando avançar colocaria em risco nossa mobilização de longa data pela abolição nuclear, bem como as esperanças dos hibakusha [sobreviventes da bomba atômica]. (…) Depois da guerra, uma Constituição foi promulgada na qual o Japão prometeu ao mundo que nunca mais iria declarar guerra ou pegar em armas novamente. No entanto, o governo está prestes a trazer o Japão de volta para os tempos de guerra", disse Taniguchi.
"Preocupações e ansiedades estão se espalhando entre nós de que esta promessa feita há 70 anos e o princípio de paz na Constituição japonesa podem agora ser minados", disse ele.
A controversa legislação foi aprovada na câmara baixa do Parlamento japonês em maio deste ano, em meio a críticas generalizadas e atos de repúdio por parte dos parlamentares dos partidos de oposição. No entanto, o projeto ainda deve passar pela câmara alta do país para se tornar lei.
People protest against Japanese PM Shinzo Abe and the gov't-backed security bills in Nagasaki, Japan, on Aug. 9. pic.twitter.com/zZsLIQA1Ky
— People's Daily,China (@PDChina) 9 agosto 2015
Abe tentou apaziguar as reações adversas prometendo que Tóquio não tomaria parte em nenhuma das guerras por procuração de Washington, mas insistiu que o Japão deveria desempenhar um papel mais ativo no estabelecimento de uma aliança de segurança com os EUA na Ásia, a fim de combater uma alegada ameaça representada pela China.
A Constituição pacifista do Japão foi promulgada durante a ocupação norte-americana do país em 1947, depois de mais de 200 mil pessoas terem morrido nos ataques combinados sobre Hiroshima e Nagasaki.