O SERPENS – a sigla de Sistema Espacial para a Realização de Pesquisas e Experimentos com Nanossatélites – é um projeto da Agência Espacial Brasileira para nos próximos anos lançar os chamados cubesats com a finalidade principal de incrementar a educação espacial no país.
Esse primeiro satélite SERPENS será lançado em duas etapas. No dia 16, a bordo de uma nave cargueira, partirá do Centro Espacial de Tanegashima, no Japão, em direção à Estação Espacial Internacional. No final de setembro ou início de outubro, sairá do interior da EEI e será posto em órbita.
Segundo o engenheiro mecatrônico Gabriel Figueiró, um nanossatélite mede, basicamente, a partir de 10cm x 10cm x 10cm, pesando cerca de 1kg. Esse primeiro SERPENS é um cubesat de 10cm x 10cm x 30cm e peso de quase 3kg.
“Atualmente, a miniaturização dos componentes possibilita essa tecnologia dos nanossatélites, em formato tão compacto”, diz Figueiró. “Isso aumenta o leque do que os nanossatélites podem fazer. No caso do SERPENS, ele poderia levar até mais experimentos do que carrega, mas o que será feito em órbita é um experimento para coleta e retransmissão de mensagens, muito parecido com o que o Brasil já tem para coleta de dados ambientais.”
O engenheiro da Agência Espacial Brasileira explica o funcionamento do SERPENS: “Ele recebe os dados, arquiva a bordo e retransmite para as universidades que ele sobrevoa, e o pessoal das universidades pode baixar os dados para estudo.”
Gabriel Figueiró informa ainda que o projeto foi criado pela AEB – Agência Espacial Brasileira com o objetivo principal de fomentar as atividades em torno das missões espaciais para os cursos de Engenharia Aeroespacial que foram recentemente criados nas universidades federais. Por exemplo, nesta primeira missão, estão diretamente envolvidas as Universidades Federais de Minas Gerais (UFMG), de Brasília (UnB), de Santa Catarina (UFSC), Fluminense (UFF) e do ABC (UFABC).
“O IFF – Instituto Federal Fluminense está construindo uma rede de estações de recepção em terra. Essas estações ficarão nas universidades e serão utilizadas para operar os nanossatélites”, diz Figueiró.
O especialista considera que uma das ações mais importantes do projeto é colocar os alunos que estão nas universidades brasileiras estudando Engenharia Aeroespacial e desenvolvem suas primeiras missões agora para trabalhar com equipes estrangeiras que já têm certa experiência na área. “O intercâmbio com seus colegas de universidades do exterior possibilitará uma grande absorção de tecnologia”, diz Figueiró.
“A Universidade de Vigo, na Espanha, foi o parceiro mais importante, porque parte do satélite brasileiro foi baseada na arquitetura de um satélite de lá”, afirma o engenheiro da AEB. “Na Universidade de Roma, na Itália, tivemos alguns cursos sobre como operar partes dos satélites. E, dos Estados Unidos, universidades enviaram professores que fizeram workshops no Brasil, na AEB, e compartilharam com nossos estudantes a vasta experiência que têm.”
Gabriel Figueiró esclarece, finalmente, que o projeto é uma iniciativa da Agência Espacial Brasileira, “mas cada uma das missões está nas mãos das universidades. Esse primeiro satélite teve a coordenação da UnB – Universidade de Brasília, e as próximas missões serão coordenadas pelas outras universidades participantes”.