A pesquisa da KPMG foi realizada com 300 executivos de 16 países que, além do Brasil, incluíram como destinos preferenciais para os seus investimentos a China, a Índia, Singapura, a Coreia do Sul e o México.
Segundo o jornalista Mário Russo, especialista em Economia e Relações Internacionais, “esta pesquisa vem num momento muito singular da vida brasileira, e se refere a dois ‘Brasis’. Um Brasil é o que, mesmo não crescendo economicamente, mantém o grau de confiança do investidor internacional. O outro Brasil é o que vive um momento político dificílimo mas nem assim esmorece”.
Para Mário Russo, o momento brasileiro e a pesquisa da KPMG devem ser vistos com muita atenção: “Muita gente se pergunta: como pode o Brasil estar entre os destinos mais atrativos para o capital internacional se, no front interno, nós só temos más notícias? É preciso observar que uma coisa é o investimento em curto prazo e outra coisa é o investimento em médio e longo prazos. É o investimento produtivo, ao contrário do chamado investimento especulativo. Quem acredita no Brasil sabe que é necessário considerar um tempo de maturação para que o investimento dê resultado”.
Mário Russo cita ainda que “os principais desafios apontados pelos executivos para investir no Brasil são infraestrutura (para 69% dos entrevistados), proteção da propriedade intelectual (51%), regulação/lei (50%), corrupção (35%) e papel do Governo (35%)”.
Na visão do jornalista, “o relatório aponta que a adoção de reformas econômicas será um dos principais fatores determinantes para investimentos futuros, visando a elevar a produtividade e eliminar gargalos estruturais. De acordo com o relatório da KPMG, muitos mercados emergentes estão enfrentando dificuldades para equilibrar um crescimento mais lento com mais demandas por gastos por parte da nova classe média”.
O jornalista também destaca que um dos setores mais otimistas com os mercados de alto crescimento (HGM na sigla em inglês) é o de energia. Neste setor, 68% dos entrevistados acreditam que esses países (Brasil, Índia, China, Singapura, Coreia do Sul e México) responderão por mais de 30% das receitas de suas empresas em 2015.
Especificamente em relação ao Brasil, Mário Russo afirma:
“De onde vem esta confiança do investidor estrangeiro no Brasil, mesmo sabendo que a economia crescerá muito aquém do desejado? Simplesmente, nesta questão que citei anteriormente, a visão de médio e longo prazos e a certeza de que o Brasil, com a sua abundância de recursos naturais, recompensará os investimentos realizados no país. É só uma questão de tempo, visão de bom empreendimento e confiança”.