A história é diplomaticamente complicada. Em meados de julho, foi inaugurada a embaixada cubana em Washington, com pompa, banquete, altos cargos de ambos os países e jornalistas. Naquele mesmo dia, foi formalmente reestabelecida a embaixada estadunidense em Havana. Já o evento de 14 de agosto, que contará com uma delegação de 19 pessoas do lado norte-americano, terá a cerimônia da bandeira, uma reunião formal com o chanceler cubano, Bruno Rodríguez, e um encontro com a oposição cubana.
“No que toca a Raúl ou Fidel, o Secretário [John Kerry] não tem nenhum plano de encontrar-se com eles durante a sua estadia lá. Atualmente, ele definitivamente não planeja falar com Fidel ou de ver o presidente Castro no momento”, disse um representante do Departamento de Estado.
Contudo, esta mesma fonte confirmou que Kery “planeja ter uma reunião com o Ministro das Relações Exteriores [Bruno] Rodríguez”.
Comentando o mesmo assunto em outra entrevista coletiva, o porta-voz oficial do Departamento de Estado, Mark Toner, respondeu assim, de acordo com o site oficial da autoridade:
“Eu (risos) – nada, mas essa foi boa, de novo. É legal, mas vamos lá, continue”.
Em troca, os dissidentes cubanos não estarão presentes na cerimônia solene, o que, em um primeiro momento, já provocou certa irritação nos círculos políticos dos EUA. O pré-candidato à presidência dos EUA Marco Rubio, Republicano de origem cubana, até arremeteu contra as autoridades atuais de Cuba dizendo que os dissidentes, “e não a família Castro, são os representantes legítimos do povo cubano”.
Porém, os dissidentes cubanos merecerão uma reunião com John Kerry em pessoa, algo que não acontece com o presidente e o líder da revolução cubana.
A mídia cubana cita Berta Soler, Miriam Leiva, Antonio González-Rodiles, Manuel Cuesta Morúa, Dagoberto Valdés, Elizardo Sánchez e outros entre os convidados para este encontro.
Por sua parte, Fidel Castro omitiu o assunto da visita de John Kerry no seu artigo publicado nesta quinta (13) pelo jornal Cubadebate.
Para Vladimir Travkin, editor-chefe da revista Latinskaya Amerika (América Latina), contatado pela Sputnik Brasil, as partes concordaram bem o nível do encontro: tanto Bruno Rodríguez como John Kerry são ministros responsáveis pelos assuntos exteriores. Até aí, tudo bem.
Travkin frisou que o fato da abertura das embaixadas significa que os EUA reconheceram afinal a sua perda: "Eles têm tentado 50 anos quebrar Cuba, e Cuba não quebrou".
Porém, o processo da reaproximação será longo e se desenvolverá "a passos curtos", devido ao lobby anticubano que tenta dominar a corrida pré-eleitoral nos EUA.
As eleições presidenciais nos EUA estão previstas para 8 de novembro de 2016. Barack Obama, que está no seu segundo mandato, á não poderá se candidatar, devido às restrições legais.