A situação preocupa o deputado João Paulo Papa (PSDB-SP), que afirma que mais de 70% da água tratada no Brasil não chega às residências. Segundo ele, o brasileiro precisa parar de desperdiçar imediatamente.
"Uma sinalização clara é que o nosso país tem que rever a cultura que ele tem hoje em relação ao uso da água. Nós temos uma cultura de gastança, de fartura, porque era essa a nossa realidade, sempre foi a realidade brasileira. Mas não é isso que ocorre nos dias de hoje”.
A má gestão da infraestrutura das águas foi criticada pelo representante das empresas de assessoria em saneamento, Luiz Roberto Pladevall, que acredita que essa é a principal causa do desperdício. Além de questionar o excesso de ministérios envolvidos em políticas de saneamento, Luiz Roberto destacou, com base em dados do Tribunal de Contas da União, que de 2007 a 2011, dos 491 contratos previstos para o setor, apenas 58 foram executados, totalizando R$ 587 milhões investidos, bem abaixo da previsão inicial de R$10 bilhões.
“Eu listei os ministérios: Cidades, Integração Nacional, Saúde, através da Funasa, Meio Ambiente. Enfim, são sete ministérios; e quem tem sete não tem dono, ou seja, o dinheiro muitas vezes é usado em duas ações ao mesmo tempo, no mesmo local. Nós não temos coordenação".
Já o sindicalista das indústrias de saneamento Gilson Cassini apresentou durante a audiência uma das formas que o setor vem utilizando para economizar a água, as chamadas válvulas de controle de pressão, que têm como objetivo controlar o volume de água oferecida de acordo com a demanda, ao longo do dia, a fim de evitar rompimentos e vazamentos nos sistemas de abastecimento.
Uma outra medida elogiada pelos especialistas é a medição individual de água em condomínios, que promete redução em até 20% no consumo.