Na última quarta-feia, o jornal Die Zeit publicou uma matéria citando novos dados vazados sobre a cooperação entre autoridades dos Estados Unidos e da Alemanha em matéria de espionagem. Na publicação, o órgão revelou que o serviço alemão de inteligência interna, o BfV, teria feito um acordo com a Agência de Segurança Nacional dos EUA, a NSA, para receber um moderno programa de monitoramento, conhecido como XKeyscore, em troca de informações que pudessem ser relevantes para o serviço secreto norte-americano.
Essa polêmica parceria, segundo o jornal, teria sido firmada em abril de 2013, sem o conhecimento dos órgãos de supervisão do BfV. E, até o momento, o conteúdo dos materiais enviados pelos alemães para os seus colegas dos EUA permanece, em grande parte, desconhecido.
"A impressão, desde anos, na Alemanha, é a de que as agências dos EUA tomaram controle de ramos do governo alemão com ou sem o conhecimento do governo alemão quando se trata da cooperação entre o aparato de segurança alemão e as agências anglo-americanas", argumentou Willy Wimmer.
De acordo com o Die Zeit, desde o início dessa cooperação internacional, os agentes alemães foram submetidos a uma forte pressão por parte dos americanos, com a NSA cobrando sempre os resultados do monitoramento. E, embora a troca de informações entre serviços de inteligência de diferentes países seja uma prática comum em todo o mundo, esse caso em particular, segundo Wimmer, foi diferente, uma vez que a inteligência alemã foi usada pela americana para espionar empresas e membros da elite política e econômica da Alemanha e de outros países europeus.
Em abril deste ano, a imprensa alemã revelou que o BND, serviço de inteligência exterior da Alemanha, estava cooperando com a NSA em esquemas de espionagem industrial e de políticos europeus em troca de informações privilegiadas de Washington.